Em janeiro de cada ano, o INE procede a uma atualização do peso de cada classe de consumo no cabaz global utilizado para calcualr o índice de preços no consumidor, indicador a partir do qual se apura a taxa de inflação. A alteração de ponderadores entre 2016 e 2017 foi particularmente significativa na classe de Transportes que passou de um ponderador de 139,6 por mil para 153,5 por mil. Serve esta informação para balizar o facto mais relevante do primeiro valor mensal do corrente ano e que nos indica que os preços nos Transportes fazem disparar inflação em janeiro de 2017. Os preços estão a subir e o peso desta componente também pelo que o impacto é particularmente significativo.
Segundo o INE a variação homóloga do IPC atingiu os 1,3% em janeiro de 2017 (0.9% em dezembro de 2016) . Este valor justifica-se essencialmente pela aceleração dos preços dos combustíveis incluídos na classe de despesa Transportes. De facto, desconsiderando produtos alimentares não transformados e energéticos (como os combustíveis) verifica-se que a variação homóloga foi de 0,5%, taxa idêntica à do mês anterior e muito distante dos 1,3% para a inflação geral.
Para se perceber melhor a diferença de magnitude do incremento dos preços por classe dee despesa vale a pena ler os seguintes dois parágrafos do INE:
O agregado relativo aos produtos alimentares não transformados registou uma variação homóloga de 2,8% em janeiro (1,2% em dezembro de 2016), enquanto o índice referente aos produtos energéticos apresentou uma taxa de variação de 7,4% (4,0% no mês anterior).
A um nível mais desagregado, por classes de despesa, são de destacar os aumentos das taxas de variação homóloga da classe dos Transportes (classe 7) e dos Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas (classe 1), com variações de 5,4% e 1,3%, respetivamente (1,9% e 0,6% no mês anterior). Em sentido oposto, assinala-se a diminuição da taxa de variação homóloga da classe das Comunicações (classe 8) e dos Bens e serviços diversos (classe 12) com uma variação de 2,5% e -0,1%, respetivamente (5,2% e 0,4% no mês anterior).
Em termos de impacto sobre a variação média anual do IPC (a taxa de inflação clássica) a evolução de janeiro contribuiu para um incremento de uma décima à média que atingiu assim os 0,7%.
Recorde que as melhores previsões para a taxa de inflação em 2017, em Portugal, são neste momento as seguintes:
- Comissão Europeia: 1,2% (previsão de novembro de 2016);
- Governo: 1,5% (previsão de outubro de 2016)
- Banco de Portugal: 1,4% (previsão de dezembro de 2016).