Portugal já devolveu 76% do empréstimo do FMI, uma fasquia atingida em meado de novembro de 2017 com o pagamento de mais €2,7 mil milhões anunciado pelo ministério das finanças. Ou seja, do €26.800 milhões já pagou cerca de €20300 milhões.
Só em 2017 terão sido pagos um pouco mais de €9.000 milhões.
O FMI não foi a instituição que emprestou mais dinheiro ao Estado Português no âmbito da crise financeira que veio a desencadear uma crise de dívida pública em Portugal, contudo, foi a instituição que, no conjunto das tranches emprestadas, exigiu a taxa de juro mais elevada ao Estado Português.
Essencialmente por este facto, e atendendo à queda da taxa de juro à qual o Estado se está a conseguir financiar nos mercados, Portugal tem todo o interesse em pagar o mais depressa possível a quase totalidade do empréstimo pois deverá conseguir, por essa via, uma poupança muito significativa do juros a pagar, reduzindo assim o serviço da dívida e libertando mais recursos para a sua política orçamental.
Assim, por um lado, o Estado está a reduzir a almofada financeira usando-a para pagar o que deve ao FMI e, por outro, está a colocar nova dívida no mercado, mais barata, usando-a para pagar antecipadamente outra parte do que deve. Em termos globais, a dívida pública está a diminuir, em especial em percentagem do PIB (que cresce a quase 4% ao ano em termos nominais) e o défice recebe um alívio por via de ter um menor bolo de juros associados à dívida pública. Adicionalmente, o Estado está substituir parte da dívida ao FMI por dívida não só mais barata como com um prazo de pagamento um pouco mais alargado o que também alivia a necessidade de ter uma grande almofada financeira.
Note-se que a taxa média do empréstimo do FMI rondava os 3,7% enquanto que, em novembro de 2017, o Estado conseguia crédito para empréstimos para uma maturidade similar à remanescente ao empréstimo do FMI inferior a 1%.