Como estão a evoluir os indicadores económicos no 4º quarto trimestre de 2016 ? Estaremos praticamente a meio do processo de conhecer os principais indicadores económicos relativos a Portugal referentes ao último trimestre de 2016. Em termos gerais, até ao momento, com o que se conhece, o quarto trimestre de 2016 apresenta bons indicadores económicos.
Com informação completa para todo o trimestre estão disponível a informação sobre os indicadores de confiança apurados junto de consumidores e de empresários dos vários setores.
Indicadores económicos no 4º quarto trimestre de 2016
Nestes indicadores a informação mais animadora é mesmo a que se baseia nas opiniões dos consumidores: o indicador de confiança registou em dezembro de 2016 o valor mais elevado em 16 anos. Ao nível setorial as indicações são mistas e vale a pena recuperar a síntese da síntese feita pelo INE:
O indicador de confiança da Indústria Transformadora aumentou entre outubro e dezembro, verificando-se no mês de referência [dezembro] um contributo positivo de todas as componentes, apreciações sobre a procura global e sobre a evolução dos stocks de produtos acabados e perspetivas de produção.
O indicador de confiança dos Serviços recuperou no mês de referência, devido sobretudo ao contributo positivo das apreciações sobre a evolução da procura, uma vez que as opiniões sobre a atividade da empresa e a evolução da carteira de encomendas contribuíram negativamente, de forma mais intensa no primeiro caso.
O indicador de confiança da Construção e Obras Públicas diminuiu nos dois últimos meses, em resultado da evolução negativa de ambas as componentes, perspetivas de emprego e opiniões sobre a carteira de encomendas.
O indicador de confiança do Comércio diminuiu nos últimos três meses, refletindo, em dezembro, o contributo negativo dos saldos das perspetivas de atividade e das apreciações sobre o volume de stocks, uma vez que as opiniões sobre o volume de vendas contribuíram positivamente.
Apesar de, em termos de confiança, a situação no comércio se ter degradado no trimestre, a verdade é que a informação quantitativa relativa à atividade apurada em inquérito pelo próprio INE revela uma aceleração contínua do Índice de Volume de Negócios no Comércio a Retalho entre agosto e novembro (o último mês disponível), tendo passado de uma variação homóloga de 3,9% em outubro para 4,3% em novembro, ou seja, com valores de crescimento significativos.
O índice de produção industrial, cujos dados mais recente à data em que escrevemos esta peça, se referem a novembro de 2016, revelou também uma melhoria entre outubro de novembro, regressando a valores positivos depois de uma queda para valores negativos em outubro. Em suma, o mês de dezembro será crucial para perceber até que ponto a atividade na indústria está a melhorar significativamente ou não face a 2015. para já, sabemos que o índice de produção industrial apresentou uma variação homóloga de 1,6% em novembro (-0,5% em outubro). Olhando especificamente para as Indústrias Transformadoras verificou-se uma melhoria mais intensa ainda que recuperando de um ponto de partida claramente mais negativo – registou uma variação homóloga de -0,7% (-3,0% no mês anterior).
No setor imobiliário (com consequência entre outros, junto da Banca nacional) a valorização dos imóveis prossegue a um ritmo robusto, assim como as transações de imóveis novos e usados como o atestam os dados com o encargo com crédito a habitação a diminuir para o stock de crédito.
No setor do turismo o primeiro mês do último trimestre de 2016 revelou nova aceleração em todo o país para um patamar particularmente elevado, quer das dormidas, quer dos proveitos, “ameaçando” assim um contributo reforçado para a aceleração da atividade económica do país no final do ano.
A evolução global dos preços tem-se mantido num patamar baixo com a inflação a preparar-se para fechar o ano nos 0,6% (dados até novembro) podendo aumentar um pouco em dezembro por via das subidas dos preços das matérias primas necessárias à produção de combustíveis, no final do ano.
Finalmente, os primeiros dados já relativos ao quatro trimestre de 2016 (mas apenas ao seu primeiro mês) relativos ao comércio externo de bens revelaram um aumento do défice da balança comercial com as exportações e importações em queda (mais as primeiras do que as segundas), sendo este o indicador menos animador de todos os já existentes até ao momento.
Quando se juntam bens a serviço, o cenário é bem mais animador, como o revelam os dados de outubro: Portugal vende €109,2 por cada €100 que compra – outubro 2016.