Através do seus Global Economic Outlook 2016, a OCDE vê a economia mundial encalhada numa armadilha de crescimento baixo, “The global economy is stuck in a low-growth trap” e lança vários apelos alguns dos quais dirigidos à economia portuguesa.
Global Economic Outlook 2016 da OCDE:
Segundo o Global Economic Outlook da OCDE relativo a 2016 a economia mundial deverá crescer 3% (o mesmo que em 2015) acelerando ligeiramente em 2017 para 3,3%. O comércio mundial fraco, investimento pachorrento, salários demasiado baixos e uma redução de atividade em mercado emergentes considerados chave irã, na opinião da OCDE, contribuir para o crescimento modesto da economia mundial em 2016.
Para a OCDE, a economia mundial só sairá desta armadilha de baixo crescimento económico com uma maior coordenação e abrangência das políticas orçamentais, monetária e estruturais (sic), “para se passar a um caminho de crescimentos elevado e assegurar que as promessas feitas são cumpridas quer parar os jovens, quer para os idosos”.
Antecipa-se a manutenção de uma recuperação económica moderada nos Estados Unidso (crescimento de 1,8% em 2016 e de 2,2% em 2017). A Zona Euro deverá crescer lentamente ao ritm ode 1,6% em 2016 e 1,7% em 2017. Já para o Japão as previsões são de crescimento ainda mais ténue: 0,7% em 2016 e 0,4% em 2017.
Para a globalidade dos 34 países que compõem a OCDE o crescimento económico deverá fixar-se nos 1,8% em 2016 e nos 2,1% em 2017.
Para a China é antecipado um reequilíbrio da estrutura económica com consequências ao nível do ritmo de crescimento que deverá abrandar: 6,5% em 2016 e 6,2% em 2017. A Índia deverá ser das economias mundiais com maior ritmo de crescimento: 7,5% em 2016 e 2017. Finalmente, para o Brasil antecipa-se a manutenção de uma recessão profunda (-4,3% em 2016 e -1,7% em 2017).
O Global Economic Outlook 2016 sublinha como riscos de curto prazo mais relevante a eventual saída do Reino Unido da União Europeia denotando comentários que ficam pouco aquém do alarmismo perante a confirmação da saída.
E sobre Portugal?
Para Portugal a OCDE antecipa um crescimento e, 2016 em 1,2% e de 1,3% em 2017. Esta é a previsão mais pessimista de entre todas as conhecidas para Portugal, o que já vem sendo uma marca habitual da OCDE. O atual relatório sobre Portugal foi coordenado pelo ex-ministro Álvaro Santos Pereira.
A OCDE antecipa que o crescimento privado se fortaleça ligeiramente devido à redução do desemprego, ao aumento do salário mínimo e a reversão de cortes anteriormente feitos no setor público.
Espera contudo que a criação de emprego se venha a revelar demasiado moderada para sustentar no tempo a expansão do consumo privado para além de 2016. Por outro lado, o elevado nível de endividamento das empresas e a fragilidade do do setor bancário tem estado a contrair o investimento.
Para 2017 a OCDE espera que o investimento venha a recuperar parcialmente podendo vir a compensar a perda de fulgor do consumo privado.
A OCDE reconhece que a política orçamental mais recente deverá aumentar o rendimento disponível em benefício das famílais de mais baixo rendimento. A dívida pública continua elevada e para garantir que este entre numa tendência de quebra poderá ser necessário implementar medidas adicionais de consolidação orçamental.
A OCDE continua a destacar que existem constrangimentos estruturais que estão a retrair a produtividade elogiando as iniciativas recentes de redução da burocracia. Por outro lado, destacam que políticas mais determinadas de redução da dívida das empresas (em especial do setor bancário) deverão criar condições para aumentar o investimento. Isto, juntamente com um aumento de competição nos mercados de bens não transacionáveis deverão acelerar uma reafetação dos recursos e os ganhos de produtividade.
As políticas de desenvolvimento do território são também encaradas como uma forma de melhorar o clima de negócios no país.
A ODCE sublinha ainda que melhorias ao nível da educação e uma maior interligação com as necessidades do setor privado bem como desenvolvimento da educação profissional poderão melhorar a produtividade.
Pode ler as três páginas que a OCDE dedica no seu Global Economic Outlook 2016 na íntegra a Portugal aqui.