Segundo o INE em fevereiro de 2015 “(…) as exportações de bens aumentaram 4,4% e as importações de bens diminuíram 3,6% face ao mês homólogo (-2,4% e -9,8% em janeiro de 2015, respetivamente) [face ao período homólogo]” representando uma melhoria significativa da taxa de cobertura das importações pelas exportações. Olhando para todo o trimestre (dezembro a fevereiro) a melhoria na balança comercial (exportações +2,1% e importações -3,6%) levou a um aumento da taxa de cobertura de 4,7 pontos percentuais para os 84,5%.
Em todo o caso, nos dados que o INE divulga para o mês de fevereiro, sem considerar exportações e importações de combustíveis, a cenário não é particularmente animador dado que as importações cresceram a um ritmo muito superior às exportações contribuindo para a degradação da balança. “Excluindo os Combustíveis e lubrificantes, em fevereiro de 2015 as exportações aumentaram 2,5% e as importações aumentaram 6,0% face ao mês homólogo (respetivamente +0,7% e -1,0% em janeiro de 2015). ” Os combustíveis são assim particularmente distorcedores de uma análise global do andamento do comércio internacional português.
Voltando à análise estrita do último mês de dados conhecidos, o INE revela um andamento diferente quando o comércio internacional se destina para dentro ou para fora da União Europeia. No comércio intracomunitário as exportações aumentaram 6,8% (com grande destaque para os combustíveis) enquanto as importações aumentaram 0,5%.
A nível extracomunitário as exportações caíram 1,7% e as importações tombaram 16,7%, neste último caso com o INE a afirmar que “Esta evolução nas importações Extra-UE de Combustíveis minerais resulta da diminuição em volume das importações deste tipo de bens, mas deve-se sobretudo ao comportamento do preço de importação do petróleo bruto (crude), que registou neste mês o preço mais baixo desde 2009.”.
A leitura dos dados do comércio internacional em valor nominal ameaça ser particularmente difícil por via das enormes flutuações dos preços de combustível, do efeito cambial inusitado (forte queda do câmbio EUR/Dolar) e por efeito de base associado a alguma antecipação da paragem da refinaria de Sines entre meados de março e de abril de 2014.
Aliás esta paragem irá também afetar diretamente as comparações homólogas nos próximos quatro meses momentos de difusão de dados pelo INE dado que deverão, na análise trimestral, induzir a um aumento das exportações em 2015, dado que a refinaria esteve a operar sem restrições. Qual dos efeitos será mais significativo (o do aumento da produção para exportação ou o de redução de volume de negócios pelo embaratecimento dos preços) é difícil de antecipar sem informação de quantidades físicas. Olhar para a evolução do comércio externo com e sem combustíveis será assim particularmente importante. Para já Portugal parece continuar com dificuldades em aproveitar a conjuntura favorável em termos cambiais, em particular porque as importações continuam muito exuberantes com a compra de Automóveis de passageiros e Bens de Consumo em grande destaque e com a aquisição de fornecimentos industriais e máquinas e equipamentos em queda significativa.