O que queremos dizer com “Por cada euro de margem ganho por um banco alemão o banco português ganha mais de três”?. Limitamo-nos a comparar a diferença entre a Taxa de Juro de Novos Empréstimos e a Taxa de Juro de Novos Depósitos entre Portugal e Alemanha.
Em Portugal, no mês de outubro de 2015, a diferença entre a Taxa de Juro de Novos Empréstimos e a Taxa de Juro de Novos Depósitos foi de 330 pontos base (3,3 pontos percentuais ou p.p.).
Na Alemanha, no mesmo mês, a diferença entre a Taxa de Juro de Novos Empréstimos e a Taxa de Juro de Novos Depósitos foi de 98 pontos base (0,98 p.p.). Na Espanha foi de 206 pontos base.
Podemos assim dizer que por cada euro de margem entre taxas ativas (novos empréstimos) e passivas (novos depósitos) obtido pela banca alemã, a banca portuguesa está a conseguir acrescentar cerca de €2,37 numa relação de 1 para 3,37.
Analisando a evolução recente constata-se que o diferencial tem vindo a aumentar e constata-se que, quanto aos empréstimos, os spreads estão muito acima dos spreads médios da zona euro, nomeadamente face à taxa euribor a 3 meses. Por outro lado, quanto aos depósitos, a taxa de juro em Portugal é praticamente idêntica à oferecida em Espanha e mais baixa do que a praticada na Alemanha. O diferencial identificado entre depósitos e empréstimos entre estes países resulta essencialmente de taxas muito mais elevadas (spread) cobrada a empresas e famílias em Portugal.
Note-se, contudo, que esta realidade só se verifica para os novos empréstimos, nada nos diz quanto ao que se passa nas largas dezenas de milhões de euros de empréstimos e depósitos constituídos há mais tempo.
Fonte: Banco de Portugal e análise do GEE.