Classe Média - Dados de 2016

INE: Em 2013 mais de 1 em cada 4 portugueses seriam pobres segundo limiar de 2009

Segundo o INE: em 2013 mais de 1 em cada 4 portugueses seriam pobres segundo limiar de 2009. Se se considerar a taxa de pobreza assumindo uma mediana do rendimento estável desde 2009, os números apontam para um aumento da proporção de pessoas em risco de pobreza dos 17,9% em 2009 para os 25,9% em 2013.

O INE apurou na sua edição anual de 2014 do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (harmonizado a nível europeu) e relativo a rendimentos de 2013 que a percentagem de portugueses em risco de pobreza (agora assumindo uma mediana do rendimento que é atualizada anualmente) aumentou de 18,7% em 2012 para 19,5%. Segundo o INE “O aumento do risco de pobreza abrangeu todos os grupos etários, tendo sido mais elevado no caso das/os menores de 18 anos, relativamente aos quais passou de 24,4% em 2012 para 25,6% em 2013.

Taxa de Pobreza Monetária 2013 - limiar de pobreza ancorado
Taxa de Pobreza Monetária 2013 – limiar de pobreza ancorado
Fonte: INE

O INE destaca também que em 2013, as transferência sociais revelaram-se mais importantes do que em 2012 para minimizar o impacto da pobreza.

Como vem sendo apurado há vários anos, ter filhos surge como um fator importante que contribui para o risco de pobreza dado que a taxa de pobreza entre famílias com crianças é de 23,0%, claramente superior aos 15,8% das restantes. Note-se que estes dados são apurados já depois de incluído o impacto das transferências sociais.

O cenário revelado para 2013 sinaliza ainda um agravamento de indicadores de pobreza que não se centram apenas em aspetos monetários e que completam a análise valorizando o acesso da bens e serviços – indicadores de privação. Um destes indicadores que visa combinar as duas perspetivas e determinar a intensidade da pobreza retrata um forte agravamento da situação em apenas um ano. Segundo o INE “A taxa de intensidade da pobreza, que mede em termos percentuais a insuficiência de recursos da população em risco de pobreza, foi de 30,3% em 2013, registando-se um agravamento de 2,9 p.p. face ao défice de recursos registado em 2012 (27,4%), e de 7,1 p.p. face a 2010.

Quanto à desigualdade mantém-se uma forte desigualdade na distribuição dos rendimentos com um ligeiro agravamento do índice de gini e com um reforço da assimetria na distribuição dos rendimentos entre os grupos da população com maiores e menores recursos: por exemplo, entre 2012 e 2013, os 20% mais ricos angariaram uma fração do rendimento maior face aos 20% mais pobres, uma tendência ainda mais evidente se se compararem os 10% mais ricos com os 10% mais pobres.

Finalmente, quanto aos indicadores de privação tomados isoladamente, 2013 também trouxe um agravamento da pobreza com o índice a passar de 25.5% para 25,7%. Apenas da privação severa se registou uma ligeira melhoria ao passar de 10,9% para 10,6%. Também aqui, quanto á privação material são os agregados familiares com crianças a cargo aqueles com mais dificuldades.

Entre os indicadores de privação mais frequentes o INE destaca três:

55,5% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa;
42,2% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada próxima do valor mensal da linha de pobreza; e
28,3% das pessoas viviam em agregados sem capacidade para manter a casa adequadamente aquecida.

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