Já aqui tínhamos dado nota, no artigo “Défice comercial volta a aumentar quatro anos depois“, que o saldo da balança comercial (que compara as compras e vendas de bens na relação com o estrangeiro) ao longo do ano de 2014 tinha regressado a uma situação de agravamento do desequilíbrio. Agora verifica-se que o défice comercial agrícola está em contra-ciclo
O fim da recessão trouxe consigo um regresso ao passado com o défice a voltar a degradar-se, contudo, olhando para os detalhes, é possível encontrar alguns setores em contra-ciclo. Manifestamente insuficientes para se falar numa mudança estrutural, mas suficientemente significativos para merecerem uma nota positiva. As Estatísticas Agrícolas de 2014 hoje divulgadas pelo INE revelam um desses casos.
Na realidade, as Estatísticas Agrícolas revelam que, em 2014, aquele que é um dos maiores défices setoriais da economia portuguesa – o que envolve os produtos alimentares – melhorou em 2014 com a diferença entre o que se compra e o que se vende a ficar pelos € 3,2 mil milhões, um número muito elevado mas ainda assim inferior em € 465 milhões ao registado no ano anterior. Segundo o INE:
“Em quase todos os grupos de produtos agrícolas e agroalimentares se verificaram diminuições no défice da balança comercial relativamente ao ano anterior, com especial destaque para as “frutas; cascas de citrinos; melões” que registaram uma redução no seu défice na ordem dos 126 milhões de euros. O maior défice comercial registou-se nas transações de “carnes e miudezas, comestíveis” (-750 milhões de euros, correspondendo a um aumento de 27 milhões de euros face a 2013). O maior excedente foi registado nas transações de “preparações de produtos hortícolas, de frutas e de outras partes de plantas” (+98 milhões de euros), apesar do decréscimo de 7 milhões de euros face a 2013. Os “cereais” que eram tradicionalmente detentores do maior défice comercial nos produtos agrícolas e agroalimentares em Portugal, passaram a ocupar a 2ª posição (défice de 642 milhões de euros, tendo registado uma diminuição de 77 milhões de euros face a 2013). Espanha manteve-se como o principal fornecedor de produtos agrícolas e agroalimentares a Portugal, representando 48,7% do valor total das importações em 2014, tendo reforçado o seu peso em 1,9 p.p. Seguiram-se a França (peso de 9,8%), a Alemanha (5,4%) e os Países Baixos (4,9%). Relativamente aos principais clientes dos produtos nacionais, Espanha continuou a ser o destino mais relevante (peso de 36,9% em 2014), seguindo-se Angola (11,8%), França (9,1%) e Brasil (6,3%).”
Como curiosidade o INE avança ainda que:
“Em 2014 cada residente no território nacional consumiu, em média, 108 kg de carne, 78 litros de leite, 43 kg de produtos lácteos, 130 kg de cereais, 16 kg de arroz e 111 kg de frutos”
Uma última nota para o setore florestal, igualmetne abordado hoje pelo INE na mesma publicação. Segundo o INE, o saldo da balança comercial dos produtos do setor florestal manteve um superavit de 2,5 mil milhões de euros em 2014.
Pode consultar a publicação detalhada sobre as Estatísticas Agrícolas – 2014 aqui.