Segundo os dados mais detalhados sobre a contas nacionais trimestrais relativas ao primeiro trimestre de 2015, o crescimento homólogo do PIB de 1,5% no início de 2015 foi explicado pela procura interna. A procura externa líquida beneficiando de uma conjuntura cambial particularmente favorável registou um crescimento das exportações e das importações com impactos que se anularam. Ainda assim tal implicou que a procura externa líquida deixou de arrastar o PIB para baixo, tendo o seu contributo para a variação do PIB sido nulo. A procura interna cresceu 1,5 pontos percentuais impulsionando assim o PIB para terreno positivo. Note-se que entre as componente da procura interna o consumo privado continuou a acelerar (+2,5%) enquanto a variação de existências foi claramente negativa levando, no conjunto, a uma ligeira desaceleração da procura interna (de uma décima). O consumo publico também continuou com variação negativa, ainda que menor do que em momentos anteriores.
Simplificando: sem o consumo privado a crescer o PIB também não estaria a crescer em termos homólogos.
Na variação face ao trimestre imediatamente anterior o PIB cresceu 0,4% tendo, neste caso, resultado do saldo entre um contributo da procura interna positivo (refletindo o crescimento do Investimento e do consumo privado) de um contributo da procura externa líquida negativo.
Pode encontrar mais detalhes no sítio do INE.
ADENDA: Numa análise mais fina, mais desagregada das componentes do PIB, podem encontrar-se alguns sinais adicionais de dinamismo na Formação Bruta de Capital Fixo que minimizaram o impacto negativo da variação de existências como se destaca nesta peça do Negócios: “Investimento com maior crescimento desde 1998“.
Ora aqui está uma forma muito parava de se ler os dados (ou de dar uma notícia, talvez tenha sido de propósito!).
Pois quando se olha os dados, concluí-se exactamente o oposto do título deste artigo. A procura interna mantém-se +/- estável, mas as exportações é que cresceram significativamente ao ponto de anularem as importações. Isso sim é a novidade!
O INE é claro quanto à decomposição da variação homologa do PIB (ver tabela reproduzida). Contributo da procura interna 1,5%. Da Procura Externa Liquida 0,0%. A evolução das componentes mais desagregadas é indicada no artigo. O contributo negativo das procura externa liquida desapareceu. Isso é uma melhoria. mas não passou (ainda?) de um contributo nulo. Sem o consumo privado o PIB não teria crescido. Isso é inquestionável.