Qual vai ser a nova forma de energia que vai mover os automóveis? Acredita-se que o processo de migração para o motor elétrico está em marcha imparável, contudo, a forma de alimentar o motor com eletricidade pode fazer-se através de uma multiplicidade de tecnologias e de opções substancialmente diferentes. Há marcas que apostam no carregamento de baterias que depois fazem mover os veículos mas há também opções que passam por manter alimentar o veículo com combustível que será utilizado quando necessário para produzir de raíz a energia elétrica “pedida” pelo motor. É neste campo que então a células de combustível ou fuel cells que usam como combustível o hidrogénio e o oxigénio. O Toyota Mirai é o primeiro sedan da Toyota a adotar esta tecnologia prometendo 500 km de autonomia com um depósito e um tempo de reabastecimento de 3 minutos, ou seja, sensivelmenti igual ao tempo de reabastecimento de um depósito normal de gasóleo ou gasolina.
O Toyota Mirai deverá ser colocado à venda no Japão em meados de dezembro de 2014 chegando à Europa e EUA em meados de 2015. O preço de venda ao público esperado na Europa antes de beneficios fiscais deverá rondar os €66 mil podendo descer consideravelmente após benefícios, dependendo do país. Nos EUA (e provavelmente na Europa) espera-se que possa ser colocado no mercado em regime de leasing por $499/mês (€399/mês).
O maior desafio de curto prazo, além do preço, será a rede de abastecimento que terá de ser construída. Aliás, a ausência de rede de distribuição de combustível ou de carregamento continua a ser uma das objeções críticas para a compra destes veículos, contudo, o Mirai destaca-se por resolver duas das outras objeções críticas: a autonomia e a velocidade de carregamento. Com uma autonomia de 500 km e um tempo de reabastecimento igual ao de um carro convencional poderá competir com os veículos híbridos e convencionais.
Segundo o Financial Times, além do Toyota Mirai, encontram-se na calha vários outros concorrentes que irão utilizar a tecnologia das Fuel Cells (Fuel-cell vehicles ou FCV), nomeadamente, automóveis da Hyundai (já em distribuição) e da Honda (previsto para 2016). Enquanto a Nissan e Tesla continuam a apostar nas baterias.
Para já a indústria automóvel vai registando aumentos progressivos (mas lentos) no número de veículos que não recorrem ao motor de combustão e as expectativas de crescimento destas alternativas continuam muito moderadas sem que haja uma perspetiva clara sobre qual será (se é que vai haver) uma tecnologia dominante. Dito isto, parece certo que o mundo automóvel está em mudança imparável, Na realidade, é legítimo acreditar que estamos a mimetizar momentos de incerteza típicos da história de outras indústrias que antecederam grandes transformações e subsequente aceleração do processo de mudança. Será esse o caso mais uma vez?
Recorde-se que o sector dos transportes é o principal responsável pela importação de combustíveis fósseis e, no caso português, um dos responsáveis cruciais pelo desequilíbrio da balança comercial e destacado contribuinte para o desequilíbrio das contas externas do país.