A euribor a 3 meses está em mínimos históricos e como consequência a remuneração dos certificados de aforro voltou a descer em outubro, fixando-se agora nos 3,07% TANB, contudo os certificados de aforro continuam a bater depósitos a prazo.
Entre certificados de aforro e certificados do tesouro poupança mais, o Estado, no último mês em que há dados conhecidos (agosto de 2014), arrecadou, líquidos de resgates, um pouco mais de 550 milhões de euros em nova poupança dos residentes em Portugal. Foram mais €250 milhões em certificados de aforro e mais €304 milhões em certificados do tesouro poupança mais. Entre julho e agosto, ao todo, o Estado arrecadou mais €1142 milhões e desde o início do ano praticamente €3 mil milhões (mais de um terço do valor do défice esperado para 2014). E não é expectável que o cenário mude muito nos próximos meses. Poderá registar-se um menor afluxo (os últimos dois meses podem ter sido fortemente influenciados por uma migração de depósitos a prazo do BES para o Estado, por exemplo) mas em termos de racionalidade económica na escolha, são poucos os depósitos a prazo ou outros investimentos de baixo risco que consigam competir condignamente com a remuneração oferecida pelo Estado. Remuneração essa que nos certificados de aforro, a menos que a euribor a três meses comece a registar valores negativos (o que ainda é improvável) nunca cairá abaixo dos 2,75% TANB até ao final de 2016 – a menos que o governo repita 2006/2007 e mude as regras a meio do jogo.
Recorde-se por exemplo, que mesmo com a euribor a aproximar-se de zero, os certificados de aforro têm um prémio garantido até dezembro de 2016 de 2,75% o que por si só é já hoje uma taxa que a larga maioria dos depósitos a prazo não consegue acompanhar (consulte aqui as taxas dos depósitos a prazo).
Ao nível dos certificados do tesouro poupança mais (que marginalmente têm captado mais poupança do que os próprios certificados de aforro) a pergunta que vai crescendo de tom é a de saber até que ponto o IGCP irá manter as atuais taxas que se numa perspetiva de curto prazo (até um ano) ainda serão mais atraentes para o Estado do que ir levantar dinheiro com emissões de dívida pública a 5 anos no mercado, a médio prazo (até 5 anos) representam um custo superior ao que pagará no mercado (mesmo já descontando o IRS a que os titulares de certificados sejam sujeitos).Junta-se a isto o facto de os objetivos anuais previsto inicialmente para estas formas de poupança já terem sido superados.
Em suma, os certificados de tesouro poupança mais são hoje um produto particularmente interessante para o aforro de médio prazo (tem taxas crescentes como se pode comprovar aqui: Simulador oficial de juros para Certificados do Tesouro Poupança Mais) mas dificilmente manterão este nível de taxas de juro durante muito mais meses.
Para quem gosta de diversificar ou procura produtos com outro perfil em termos de liquidez e maturidades, em breve apresentaremos a atualização com as taxas de juro dos depósitos a prazo em outubro de 2014. Note-se que os certificados de aforro veem a sua taxa revista trimestralmente e implicam imobilização durante os primeiros três meses enquanto os certificados do tesouro não podem ser levantados no primeiro ano e têm taxas crescentes.