Segundo dados do Eurostat relativos à criação de emprego, Portugal está a registar crescimentos homólogos do emprego acima a média europeia. Estes dados baseiam-se na informação enviada regularmente pelo INE, dados que recentemente mereceram análise num artigo publicado no Boletim Económico do Banco de Portugal.
Nesse artigo os técnicos do Banco de Portugal destacam várias cautelas que devem ser valorizadas quando se efetuam comparações homólogos nos atuais dados do INE e destacam ainda um outro aspeto de política económica que acaba por revelar uma realidade bastante distinta sobre a avaliação do emprego. Quanto aos aspetos técnicos do Inquérito ao Emprego é destacado – e aceite pelo INE – que estando em curso a substituição amostral agora ajustado aos dados recolhidos pelos Censos 2011, só com a conclusão da rotação total da amostra será possível ter maior confianças nas variações homólogos. Algo que deverá acontecer em breve. Quanto ao aspeto de política económica, o Banco de Portugal atribui uma parte significativa do aumento do emprego ao forte aumento de estágios profissionais patrocinados pelo próprio Estado, estágios esses cuja transformação em emprego permanente não está garantida.
Segundo cálculos do Banco de Portugal o emprego por conta de outrem terá crescido 2,5% no terceiro trimestre de 2014 e não os 6% avançados pelo INE.
Segundo o que li no Boletim do Banco de Portugal, os 2,5% respeitam aos trabalhadores por conta de outrem no setor privado, enquanto que os 6% do INE referem-se à totalidade da economia.
Além disso, o Banco de Portugal esteve a analisar base de dados administrativas (como a segurança social e o iefp). O INE inquere as pessoas e não separa emprego formal, de informal.
Estar, por isso, a comparar estes dois valores, dando a entender que um é mais correto do que o outro, parece-me um abuso. Aliás, o próprio Banco de Portugal diz apenas que está a fazer uma análise complementar à do INE e não substituta.