A evolução da taxa de desemprego e do emprego surgem finalmente alinhadas tanto em cadeia quanto em termos homólogos: a primeira em franca retração e o segundo em clara recuperação. Como sinal perturbador surge a evolução da população ativa que continua a diminuir consistentemente sendo o primeiro e principal suspeito para esta evolução a manutenção do fluxo emigratório. Por outro lado a taxa de atividade da população ativa também continua a diminuir. Isto contribui para que a taxa de desemprego diminua muito mais rapidamente do que a velocidade a que de facto se está a gerar novo emprego, criando uma ilusão matemática. Para a queda do número de desempregados de 137,4 mil em termos homólogos correspondeu um aumento de empregados de apenas 90,0 mil. Esta é uma evidência que já havia sido registada no trimestre anterior, o primeiro em dois anos a apresentar um aumento do emprego.
Destaque ainda que é entre a população entre os 15 e os 35 que se concentra a maior parte da perda de população ativa. Se uma parte marginal (próximo da idade de entrada em idade ativa) se pode explicar pelo envelhecimento da população a grosso desta coluna terá de encontrar explicações em outras razões, sendo e emigração a principal suspeita. Havia também no segundo trimestre de 2014 uma maior proporção de inativos em termos homólogos. Ainda assim de forma marginal (mais 0,3 ponto percentuais).
Em termos gerais, a evolução do desemprego/emprego parece alinhada ainda com a opinião que os consumidores vêm dando em relação ao desemprego há já vários meses, apontando para uma expectativa de clara recuperação para 2015. Eis alguns excertos da informação do INE que pode consultar com maior desenvolvimento das Estatísticas do Emprego do 2º Trimestre de 2014 .
A taxa de desemprego estimada para o 2º trimestre de 2014 foi 13,9%. Este valor é inferior em 2,5 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre homólogo de 2013 e em 1,2 p.p. ao do trimestre anterior.
A população desempregada foi de 728,9 mil pessoas, o que representa uma diminuição homóloga de 15,9% e uma diminuição trimestral de 7,5% (menos 137,4 mil e menos 59,2 mil pessoas, respetivamente).
A população empregada foi de 4 514,6 mil pessoas, o que corresponde a um aumento homólogo e trimestral de 2,0% (mais 90,0 mil e 87,7 mil pessoas, respetivamente).
A taxa de atividade da população em idade ativa situou-se em 59,0%, menos 0,3 p.p. do que no trimestre homólogo e mais 0,3 p.p. do que no trimestre anterior.
Em particular sobre o que aconteceu no emprego destacamos este parágrafo do INE:
Para o aumento referido [do emprego em termos homólogos], contribuíram essencialmente os seguintes resultados:
- O aumento de 50,4 mil homens empregados, que explicou 56,0% do aumento global ocorrido no emprego.
- O aumento de 64,7 mil pessoas empregadas dos 35 aos 44 anos e de 45,2 mil dos 45 aos 64 anos. O emprego das pessoas dos 25 aos 34 anos também aumentou, embora tenha contribuído menos para o aumento global doemprego. Nos restantes grupos etários, a população empregada manteve-se praticamente inalterada (jovens, dos 15 a 24 anos) ou diminuiu (65 e mais anos).
- O aumento de 153,3 mil empregadas/os com nível de escolaridade completo correspondente ao ensino superior e de 81,7 mil com ensino secundário e pós-secundário. Por seu turno, o número de pessoas empregadas com nível de escolaridade completo correspondente, no máximo, ao 3º ciclo do ensino básico diminuiu em 145,0 mil.
- O aumento de 144,1 mil pessoas empregadas no setor dos serviços. O emprego no setor da indústria, construção, energia e água também aumentou (20,7 mil), embora tenha contribuído menos para o aumento global do emprego. Neste setor, destaca-se o aumento do emprego nas indústrias transformadoras (40,9 mil).Por outro lado, o número de pessoas empregadas no setor da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca diminuiu (74,8 mil).
- O aumento de 152,5 mil trabalhadores/as por conta de outrem, que foi explicado em grande medida pelo acréscimo de 132,8 mil pessoas com um contrato de trabalho sem termo, já que o número de trabalhadores/as por conta de outrem com contrato de trabalho com termo aumentou menos (15,0 mil), tal como o número de trabalhadores/as por conta de outrem noutras situações (4,6 mil). O número de trabalhadores/as por conta própria, pelo contrário, diminuiu (54,7 mil).
- O aumento de 154,4 mil trabalhadores/as a tempo completo. O número de trabalhadores/as a tempo parcial, pelo contrário, diminuiu (64,4 mil).