Classe Média - Dados de 2016

Sair ou ficar no euro depois da crise? (Wolfgang Munchau)

(Opinião) Eis um excerto do mais recente texto de Wolfgang Munchau aqui numa tradução do Diário Económico “versão integral aqui =>”Atenas e a saída da zona euro“)

“(…) Avaliar as pré-condições económicas para uma saída é relativamente fácil. O difícil seria um país sair unilateralmente de uma união monetária se o seu défice orçamental primário – antes do pagamento de juros – apresentar um saldo extremamente negativo. Nas suas previsões da Primavera, a Comissão Europeia estimou um défice estrutural primário nulo para este ano e um excedente primário de 1,8% do PIB para 2014. Do ponto de vista económico, a saída da Grécia da zona euro é cada vez mais verosímil. A ironia está no facto das reformas e da austeridade constituírem simultaneamente um pré-requisito para permanecer na zona euro e um pré-requisito para sair da mesma.

Restam duas opções à Grécia. A primeira é levar por diante as reformas e entrar em incumprimento mantendo-se na zona euro – uma estratégia que pressupõe a existência de cúmplices noutras capitais europeias e no Banco Central Europeu. A segunda é entrar em incumprimento fora da zona euro – uma decisão que a Grécia pode tomar unilateralmente, desde que as condições macroeconómicas sejam adequadas. Até ao momento, a segunda opção não tem sido viável, no entanto, a opção sugerida por Schäuble de reformar sem entrar em incumprimento só faz sentido do seu ponto de vista. Para a Grécia não é uma opção.

O facto de a saída da zona euro ser economicamente exequível e até vantajosa não significa nada, visto um país poder escolher ficar na zona euro por questões políticas ou de segurança. Mas quando a saída passa a ser economicamente viável a história muda de figura. Não é o caso da Grécia nem de outros países em crise – por enquanto. Mas perante uma escolha real, o resultado vai ser mais difícil de prever.”

Sublinhados nossos. Um dilema para terminar: no dia em que estivermos em condições de sair do Euro (desejáveis) provavelmente também estaremos em condições de ficar. O debate em torno da saída do euro que modestamente aqui estamos a promover, pode também ser útil para a tomada de decisão nesse momento, isto para a eventualidade de se perceber, nessa altura, que os factores de ameaça da moeda única (hoje identificados) se mantiverem.

Em suma, ficar ou sair do euro não é uma questão que se deve resumir à conjuntura de aflição em que vivemos. O debate tem de prosseguir, assim como a tensão mobilizadora que ele gera.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *