O INE, desta vez juntamente com o Observatório das Famílias e das Políticas de Família do Instituto de Ciências Sociais (OFAP/ICS-UL), continua a explorar a vasta informação estatística recolhida ao longo de dezenas de anos de realização de recenseamentos gerais da população e hoje publica mais um estudo com enfoque particular na informação sobre a evolução da composição e características das famílias em Portugal.
Os principais pontos de comparação são o recenseamento de 1960, o de 1991 e o mais recente de 2011. Vale a pena espreitar as 26 de páginas de análise qualitativa e quantitativa apresentadas.
Eis alguns destaques retirados da referida publicação:
“Como principais linhas de transformação é possível identificar:
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Um padrão de vida doméstica assente, generalizadamente, em famílias de menor dimensão, devido ao menor número de filhos, que raramente ultrapassa os dois;
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ao decréscimo das famílias alargadas; e ao aumento das famílias unipessoais;
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O reforço da privacidade da vida conjugal, vivendo os casais (com ou sem filhos) cada vez menos em co-residência com outros familiares;
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Um crescimento da autonomia residencial dos indivíduos, com mais pessoas vivendo sós, em todas as idades e em diferentes fases da vida (solteiros, separados e divorciados, viúvos);
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Uma diversidade mais acentuada das formas de viver em família, quer em relação à conjugalidade (casamento “de direito” e “de facto”, casamento religioso ou civil), quer em relação à parentalidade (aumento das famílias monoparentais e recompostas).
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Alguma variabilidade, do ponto de vista dos contextos regionais e sociais, identificando-se perfis regionais de mudança e o impacto de variáveis sociodemográficas como o género, a escolaridade e a condição perante a atividade económica.
Principais tendências demográficas em Portugal
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A desaceleração do crescimento demográfico e, mais recentemente, o decréscimo populacional, a par de um contínuo processo de envelhecimento demográfico, consubstanciam as linhas gerais de caracterização da situação demográfica recente em Portugal;
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O saldo natural tem apresentado uma tendência de decréscimo continuado, tendo atingido valores negativos em 2007, ano em que pela primeira vez, nas últimas décadas, se registou em Portugal um número de óbitos superior ao de nascimentos. Nos anos de 2009 e seguintes o saldo natural foi de novo negativo, tendo-se agravado particularmente em 2012;
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As estimativas sobre as migrações internacionais para os anos mais recentes apontam para um recrudescimento dos fluxos emigratórios e para quebras dos fluxos imigratórios, configurando, assim, o regresso a saldos migratórios negativos.