Já ouviu falar de micro-crédito? E em concreto do KIVA? Pois o KIVA cujo lema é Kiva – Loans that change lives tem larga experiência como mediador de micro-crédito um pouco em todo o mundo e conta também com vários investidores portugueses. O processo baseia-se em pequenos empréstimos (a partir de 25 dólares – cerca de 20€) que qualquer um de nós pode colocar à disposição de um dos vários projectos que são apresentados na plataforma. Se o projecto auxiliado reunir um mínimo de investimento indispensável inicia-se e, no tempo anunciado, o investimento deverá ser recuperado e devolvido a quem emprestou. No fundo, estamos perante mais um caso de social lending ou de crowdfunding. Mas, será que funciona mesmo?
Pedimos ao Leonel Vicente, investidor experimentado nas andanças do KIVA para nos relatar como correram os vários projectos que foi auxiliado desde 2010 até hoje. Eis o seu relato de 8 dessas iniciativas concluídas e/ou em curso:
“Tinha já ouvido falar dele alguns meses antes; resolvi que era finalmente altura de “ter tempo” de conhecer o programa Kiva no final de Setembro de 2010, altura em que, a partir de uma transferência, no valor de 100 dólares, procedi a quatro micro-empréstimos, no valor unitário de 25 dólares, com a seguinte afectação, por país e sector de actividade: Tanzânia (comércio alimentar), Mali (agricultura), Filipinas (comércio de peixe) e Equador (comércio).
O financiamento na Tanzânia, no total de 2 575 dólares, foi assegurado por 67 participantes, tendo possibilitado a aquisição de produtos para satisfazer a crescente procura de artigos alimentares. Foi sendo liquidado, até se encontrar totalmente pago, ao fim de cinco meses, em Fevereiro de 2011.
O empréstimo do Mali, concedido a um grupo de 10 mulheres, ascendeu a um total de 1 225 dólares, tendo sido financiado por 39 membros. Foi utilizado para comprar fertilizantes, pequenos utensílios e despesas com mão de-obra, para produção de batata e feijão. Foi integralmente reembolsado até 30 de Abril de 2011.
O crédito nas Filipinas, no valor de 125 dólares, em que participaram 3 pessoas, serviu para um casal – em que o marido é pescador, e a mulher tem um pequeno estabelecimento de comércio de peixe –, adquirir material para pesca. Foi pago até 11 de Maio de 2011.
O empréstimo do Equador, no montante global de 1 000 dólares, financiado por 39 pessoas, serviu também para aquisição de produtos alimentares, nomeadamente arroz, açúcar, carne, para venda na sua pequena “loja”, montada junto à casa de bambu da jovem de 19 anos que pediu o financiamento. Foi integralmente liquidado até 25 de Outubro de 2011.
Tendo recebido, ao fim de pouco mais de um ano, a totalidade dos 100 dólares que havia emprestado, tendo os prazos de pagamento sido absolutamente respeitados, procedi, no dia imediato, em 26 de Outubro de 2011, a quatro novos micro-empréstimos, também no valor de 25 dólares, com os seguintes destinos: Uganda (para financiar custos com estudos), R. Dominicana (comércio de artigos de medicina natural), Peru (comércio) e Burundi (frutas e vegetais).
O empréstimo do Uganda, no total de 550 dólares, financiados por 20 membros, destinou-se a pagar as mensalidades na escola do filho da pessoa que pediu o financiamento.
O financiamento para a R. Dominicana, no valor global de 1 600 dólares, com 53 participantes, destina-se à aquisição de produtos de medicina natural, para venda.
O empréstimo ao Peru, no montante de 2 450 dólares, financiado por 84 participantes, foi destinado à aquisição de produtos para venda na loja instalada junto à casa da mulher que pediu o empréstimo.
O crédito ao Burundi, no valor global de 4 200 dólares, foi assegurado por 121 membros, sendo destinado a uma viúva, de 57 anos, para aquisição de tomate, para comércio.
Em Janeiro de 2012, decorridos apenas 3 meses, sempre cumprindo os prazos, estes empréstimos haviam sido já entretanto parcialmente reembolsados: recebi já 10 dólares do empréstimo do Uganda, 14 dólares da R. Dominicana, 12,5 dólares do Peru e igual montante do Burundi.
Toda a gestão dos processos de crédito é assegurada pela Kiva, que presta informação regular sobre a evolução dos mesmos. A nós, basta-nos proporcionar estes pequenos / grandes contributos.”