No segundo trimestre de 2011, o PIB português diminuiu 0,9% face a igual trimestre de 2010, já depois de descontado o efeito de variação dos preços, ou seja, diminuiu 0,9% em volume. Recorde-se que a expectativa para a evolução do PIB ao longo do ano aponta para uma queda de cerca de 2,2% o que, para se verificar, implica que no semestre que falta o PIB terá de cair cerca de 3,5%. Infelizmente não podemos afirmar que tal não venha a acontecer, contudo, muito provavelmente a previsão avançada de 2,2% teria em conta uma evolução, no segundo trimestre, pior do que os 0,9% registados e hoje divulgados pelo INE.
Como seria de esperar, a queda no consumo/investimento do Estado e das famílias (em particular relacionado com bens duradouros como os automóveis, entre outros) são os principais responsáveis pela queda do produto interno nacional, tendo a procura externa líquida, francamente positiva, contrabalançado de forma significativa o andamento negativo das restantes componentes utilizadas para apurar o PIB na ótica da despesa. Note-se que o INE sublinha que se registou uma queda de importações de bens e serviços em simultâneo com um crescimento assinalável das exportações, igualmente de bens e serviço, facto que já aqui haviamos destacado e que se revelou determinante para o andamento menos mau do PIB no segundo trimestre.
Face ao primeiro trimestre de 2011, o produto gerado manteve-se contante; face ao trimestre homólogo a queda foi agora (0,9%) superior à registada na comparação do trimestre anterior com o seu homólogo (0,6%).
O INE aperfeiçoará a estimativa agora anunciada, a 8 de Setembro próximo.
Em jeito de Post Scriptum, como mera curiosidade, ao não se ter registado uma variação em cadeia negativa (mas antes nula), podemos discutir se ainda estaremos em recessão… Tecnicamente e convencionalmente, uma economia está em recessão quando regista dois ou mais trimestres consecutivos de variações negativas face aos trimestres anteriores. Tal efetivamente registou-se no 4º trimestre de 2010 e no 1º trimestre de 2011, mas não se confirmou, de facto, no 2º trimestre de 2011, a menos que a variação de 0,0% seja na realidade um zero negativo… Enfim, uma piada entre quem tem acompanhado os últimos anos de discussões algo vazias em torno das décidas do PIB. O essencial é que a situação económica portuguesa não é de todo invejável (mas podia estar e poderá ficar muito pior).