Nesta peça da Lusa/Dinheiro Vivo/Diário de Notícias fazem-se comparações entre os tarifários dos passes sociais de Lisboa e Porto e passes de outras cidades europeias como Londres, Berlim. Mas os serviços oferecidos são comparáveis? Por exemplo, a que meios de transporte os passes dão direito? E as áreas a que respeitam são comparáveis? A grande metrópole de Londres, por exemplo, tem mais de 12 milhões de habitantes e a rede de metro (com 270 estações e 402 km de carris), entre outras, é várias vezes superior à de Lisboa e Porto. O passe indicado (122€ ou seja 106£) parece servir para 4 ou 5 meios de transporte diferentes e cobrir duas zonas da coroa da área urbana de Londres (zona 1 e 2) permitindo usar cerca de 200 estações de metro diferentes numa área largamente superior ao concelho de Lisboa. Quem viva em Sintra a cerca de 20 km do centro histórico de Lisboa (que estaria dentro da referida coroa na cidade de Londres) não compra um passe de CP+Metro ou CP+Carris ou CP+Carris+Metro ou mesmo Stagecouch+CP+Metro pelos 33,85€ usados como referência em Lisboa (e nem seria preciso ir até Sintra onde o combinado CP+Metro chega aos 58,90€…). Essas diferenças foram tidas em conta na escolha do passe social comparado entre várias cidades europeias?
O que é certo é que o artigo não responde adequadamente à questão e da breve investigação que fizemos surgem várias provas de que se compararam realidade absurdamente diferentes. Por outras, o artigo cuida de medir o peso do preço de um passe no salário mínimo e médio em vários países mas falha rotundamente em garantir que se estão a comparar serviços minimamente comparáveis.
Até prova em contrário, péssimo jornalismo. Os passes sociais são mais baratos ou caros em Lisboa face a outras cidades? A pergunta permanece.