A notícia “Estado pouparia 40 milhões/ano com desbloqueio de genéricos, diz Infarmed” da Lusa (lida no Jornal Oje) termina com a informação que destacamos como título e que ajuda a perspectivar onde estamos e até onde podemos e devemos ir. Em Portugal, os genéricos surgiram na farmácia em alguns casos com décadas de atraso face a outros países europeus e mesmo hoje é comum ouvirmos e lermos, por parte da indústria farmacêutica, como estamos a colocar em risco a sua própria existência, quer por via da redução dos preços (que são definidos administrativamente), quer pela tentativa de alargamento da admissão de venda de genéricos a novos princípios activos. Perante este número (18% em Portugal versus mais de 50% na Europa) e tendo em conta a exígua dimensão do mercado português e respectiva (ir)relevância na carteira de encomendas da indústria farmacêutica dominada por empresas transnacionais, torna-se, contudo, difícil, valorizar tais argumentos. Talvez estejamos mal informados mas com a informação e conhecimento disponíveis a ilação que retiramos parece-nos razoável.
Lá fora o genérico é regra, aqui é a excepção e, contudo, a indústria farmacêutica prospera. Não haverá por aí um discurso mais racional e inteligente que nos seja oferecido? Há algo que não bate certo e até prova em contrário parece ser do mais alto interesse do país que nos aproximemos depressa do padrão europeu. Entretanto, a lentidão dos tribunais administrativos parece ser, em Portugal, um aliado de monta para a lentidão da progressão da quota de mercado dos genéricos como se lê no artigo acima destacado.