Classe Média - Dados de 2016

Em breve um novo banco, o Banco Siemens

Não há muito tempo o presidente do supervisor financeiro Francês, comentando a teimosia em se manter a lógica pré-crise na operação de muitos intermediários financeiros, disse que ficar tudo como dantes não era opção mais que não fosse pela necessidade de satisfazer um tipo de clientes que não estão disponíveis para investir as suas poupanças em instituições financeiras que não lhes dão garantias de segurança e estabilidade. Se há um tipo de clientes que continuará a querer entrar no jogo financeiro, há outros que querem a garantia de que esse jogo etéreo não lhes dá cabo da vida e do negócio. Um recuo da lógica de banco universal e como tal pleno de interesses conflituantes para um banco especializado, mais segmentado onde o retalho e o aforro não dançam ao sabor da banca de investimento e das salas de mercados parece ser uma exigência crescente.
Com escárnio e desplante a mundo da finança pouco mudou desde 2008 e como as notícias recentes têm demonstrado, mudar substancialmente as regras do jogo é tarefa muito difícil para “simples” estados e reguladores ao pé dos grandes conglomerados financeiros.
Recordei-me desta discussão quando vi há momentos a notícia a que se alude no título deste artigo. Reza a dita que a Siemens acabou de pedir autorização para o exercício da actividade bancária à autoridade supervisor do sector na Alemanha. Invoca a Siemens que quer ter segurança quanto à forma como as disponibilidades de cerca de 9 mil milhões de euros que possui são geridas. Pode até não ser a razão subjacente, mas ainda que possa ser apenas aparente, esta é mais uma declaração espantosa. De uma forma ou de outra algo vai mesmo mudar no sector financeiro mundial. Neste momento são claramente mais as perguntas que as respostas mas talvez não seja inteiramente certo que tenhamos de esperar por uma nova e mais profunda crise para que se mude o sistema. Esperemos.

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