Não é comum no espaço de um mês a taxa de inflação (que é uma taxa média anual que depende de informação registada ao longo dos últimos 24 meses) cair 0,4 pontos percentuais. Era de 0,9% em Junho, passou para 0,5 em Julho. Mas também não é normal a taxa de variação homóloga estabilizar em valores claramente negativos, foi de -1,6% em Junho e agora é de -1,5% em Julho. Mesmo estando potencialmente perante o início de um período de desaceleração da queda dos preços, seguramente ainda teremos alguns meses em que a taxa de inflação manterá o seu perfil descendente, não sendo improvável que feche o ano em valores negativos, ou seja, registando valores deflaccionistas.
Ainda assim, o receio de se entrar numa espiral deflaccionista parece hoje menos razoável. A expectativa de podermos ter de vir a enfrentar pressões inflaccionistas nas matérias-primas ao longo dos próximos anos (que se esperam de retoma mais ou menos moderada em termos internacionais) justificadas por uma expectativa de escassez de oferta de combustíveis fósseis, voltou claramente à agenda dos mercados. Aconteça o que acontecer, aproximamo-nos de momentos históricos para quem acompanha esta coisa das estatísticas monetárias e financeiras. Preços a descer em vez de preços a subir? É uma forma de mundo ao contrário.