10494 automóveis ligeiros vendidos em Janeiro. Sem grande surpresa a Anecra apresenta os primeiros números verdadeiramente alinhados com o tom dos tempos. Ainda que parte da queda se justifique com a antecipação de compras feita em Dezembro por conta do agravamento fiscal que entrou em vigor em Janeiro, “uma queda de 53% quando comparadas com a média mensal dos últimos três anos” é um número impressionante.
Será isto um mau sinal? A resposta mais honesta que encontro é: provavelmente não. Quando se fala em alterar os padrões de consumo, reduzir a componente importada, aumentar a poupança das famílias e deixar de viver acimas das nossas possibilidades, talvez esta seja de facto uma da áreas e indústrias a encaixar um dos golpes mais violentos por via de um certo ajustamento que está em curso. É portanto uma coisa boa? Por estes dias não há “coisas” verdadeiramente boas. Quando milhares de trabalhadores perdem perspectivas de futuro e rendimento e quando o vazio cria a necessidade de a economia se reinventar, os desafios e oportunidades apresentam-se árduos e dolorosos. Como diriam os anglo-saxões: brace yourselves.
Esta é uma questão que faz pensar. Pois assistiu-se a um aumento de consumo exagerado e actualmente o nível de produção diário de automóveis é grande. Contudo com todos os problemas mundiais esta produção não tem escoamento e, talvez, esta fase pela qual o mundo está a pensar consista num “reconfigurar o consumo” a vários níveis. Com isto, com o modelo actual o que será de todos aqueles envolvidos nestas industrias e derivados? Não será isto um pouco mais difícil de ultrapassar que uma revolução industrial? São apenas uns pensamentos.