Classe Média - Dados de 2016

Inflação em 2009: a queda continua

Os dados de hoje relativos ao Índice de Preços no Consumidor em Fevereiro indicam a repetição da taxa de variação homóloga apurada em Janeiro: 0,2%. Se tivessemos mais 10 meses com este valor homólogo teriamos uma taxa de inflação (taxa de variação média anual) de igual valor. Por enquanto, a taxa de inflação caiu mas continua acima dos 2%: 2,1%

Para já a tendência é clara e confirma a expectativa de que fechará o ano próximo do 1%. Resta saber se acima ou abaixo desse valor. Os funcionários públicos vêem também como fortemente provável um incremento real muito significativo do seu poder de compra. Recordo que os aumentos para este ano foram de 2,9%, um ganho que neste momento é já de 0,8 pontos percentuais. Perante o agravar da crise, torna-se também cada vez mais evidente o disparate financeiro que constituiu para o erário público este esforço que se pagará seguramente em anos vindouros (particularmente pelos próprios funcionários públicos)  e que se traduzirá em menor capacidade para lidar já hoje com problemas mais graves que se avolumam na sociedade portuguesa. Eleições oblige.

3 comentários

  1. Sobre a queda da inflação, poucas dúvidas restam, mas de qualquer modo ainda não é deflação (essa sim preocupante). A queda de um modo geral benefícia todos os consumidores, já que não onera tanto o rendimento disponível.

    Após uma década de perda real do poder de compra, os funcionários públicos sempre podem recuperar algo, mas que não será mais do que 10% a 20% do poder perdido, na última década. E secalhar mesmo este rapidamente lhes será sonegado no próximo Orçamento de Estado (os malabarismos do costume!)

    Pode-se afirmar (embora não concorde nos termos) que ” Perante o agravar da crise, torna-se também cada vez mais evidente o disparate financeiro que disparate financeiro que constituiu para o erário público este esforço que se pagará seguramente em anos vindouros”. De facto, houve outros “disparates”, esses sim, bem mais gravosos e vergonhosos, sem consequências palpáveis a não ser por panos quentes em corruptos e ladrões descarados ou investimentos públicos potencial ou realmente ruinosos. Isto é que é verdadeiramente escabroso, bem mais do que a recuperação de algum poder de compra – e isto não querendo ferir a linha de raciocíno seguida …

    Nota final: Muitos administradores bancários e altos quadros empresariais, e outros profissionais de vários sectores de actividade vão ter aumentos salariais acima dos 2% ou 2,5%. É só querer ver.

  2. Sim, Carlos, este foi só um dos disparates. Sendo justa a recuperação de poder de compra o problema é que neste contexto (mais uma vez) há causas onde o dinheiro seria mais útil e será mais necessário. Há um problema de sustentaiblidade do patrão: o Estado. Quando e se, como se espera, as receitas fiscais cairem abruptamente como consequência da crise, virmos a factura a aumentar bem acima da recolha fiscal, estou para ver onde o Estado vai buscar o dinheiro. E se ao mesmo tempo passares a ter uma taxa de desemprego asustadora…
    Se a crise se confirmar na sua pior faceta ao longo de 2009, não me espantaria ver um aumento nulo em 2010 na função pública.
    É um puro engano, este aumento de 2009 (contra mim falo…). As empresas com melhores finanças que os atribuam, agora o Estado, nesta conjuntura. É de susto.

  3. Até posso concordar que o aumento de 2,9 % foi a destempo (2009), devido ao período eleitoral, mas já se justificava antes e nada foi feito sob a famigerada capa da déficitoterapia (note-se que no mesmo período as despesas com serviços externos tiveram acréscimos vergonhosos! E o que foi feito?).

    O estado não tem um problema de déficit tão grande, se pensarmos que 20% a 25% da economia dita informal (erros e omissões em linguagem mais pomposa!), fosse reduzida para valores mais aceitáveis entre 10% e 13%. Como o outro diz é só fazer as contas e vai ver que o déficit desaparece num instante, e mesmo aumentos de 2,9% não são tão pesados e haveria bem mais para incentivos ao investimento e mesmo atenuação do desemprego!. No entanto, tal coragem a quem afectaria? Eu nestas coisas não gosto de brincar, e tal como o Rui, sei bem do que falo!

    Cumps

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