O título deste artigo refere-se aos dados do último trimestre do comércio extra-comunitário, um dos melhores dados económicos divulgados pelo INE nos últimos tempos. Note-se contudo que estamos a falar apenas de cerca de um quarto do total do comércio internacional português. Na realidade, se considerarmos este cenário mais alargado, o ano não terá fechado com uma nota positiva. Os dados até Novembro que foram também hoje divulgados, relativos à globalidade do comércio externo, apontam para um agravamento muito significativo do desequilíbrio da nossa balança comercial com as exportações a cairem mais depressa que as importações: 5,9% as primeiras e 1,5% as segundas. A procissão ainda via no adro (só em Novembro as quedas se tornaram verdadeiramente expressivas) e parte deste diferencial de andamento pode explicar-se por algum desfasamento entre vendas e compras mais a respectiva gestão de stocks quando aplicável, além de se esperar pelos dados em volume incorporados nas contas nacionais a divulgar na próxima semana há que aguardar pelos próximos meses e observar com atenção também o comércio extra-comunitário, o tal que terá estado na base de um arremedo de tentativa de alteração do paradigma económico português e que poderá (ou não) ter sido interrompido em definitivo pela actual crise internacional. No fundo a pergunta passa por saber quão dura será a recessão em Angola, EUA, Singapura, Malásia, Brasil, entre outro e quanto, se algum, desse efeito, será eliminado por alguma vantagem específica das exportações nacionais no mercado extra-comunitário.
Os dados do INE estão disponíveis no sítio do costume: