Fui de férias para o vale do Paiva e descobri que o Zé Maria, a Luísa, o Arlindo, a Elsa bem como os filhos pequenos ainda em idade pré-escolar emigraram para o Luxemburgo. Por cá a construção civil praticamente desapareceu e os serviços encontram dinamismo nos cuidados sociais em lares e pouco mais. Quem cai no desemprego não espera voltar a encontrar trabalho depressa. A porta emigratória continua aberta e as redes sociais da família que reside lá fora continuam activas. A decisão acaba por ser fácil, pelo menos até os filhos entrarem na escolaridade obrigatória.
Mas também o Pedro, a Sónia, a Cláudia, o Paulo e mais uns quantos amigos, a maioria colegas do curso de Economia, foram ou estão em vias de ir viver para fora do país. Todo competentes, todos quadros superiores, todos tinham empregos seguros em Portugal. As razões da saída (e os destinos) diversificam-se mas o movimento é inequívoco.
Quando e se ouvir dizer que o desemprego desceu vou pensar nestes meus amigos e conhecidos.
A emigração forçada voltou a entrar na ordem do dia e os imigrantes de Leste também já escolheram outras paragens, aliás, um destes teve um comentário incisivo, replicado por um pároco ortodoxo numa celebração litúrgica, – que tive conhecimento – ao afirmar que o seu compatriota tinha vindo para Portugal para trabalhar e ganhar um sustento condigno, mas não para ser EXPLORADO.
O que não dirão os locais, sobretudo, aqueles que aspiravam a segurança da classe média/média alta, e que num ápice se viram confrontados com uma despromoção para uns escalões abaiaxo!…
Um país (ou melhor, alguns nesse país, ou, pelo menos, uns bem mais mais do que outros) que não estima, promove e investe na sua maior riqueza (a sua população) mais facilmente pode encontrar o declinio e a pobreza, ao mesmo tempo, que “externaliza” a preço de saldo, para quem acolhe, uma boa parte dessa riqueza, pelos movimentos migratórios de saída.