Projecção para a inflação de 2006: andei a fazer umas contas, a que quase poderia chamar de algibeira, e apresento-vos dois cenários.
O primeiro, já hoje ventilado pelos sindicatos (ver entrada anterior), pressupõe a altamente improvável hipótese de pela primeira vez na nossa história termos três meses (Outubro, Novembro e Dezembro) em que os preços não aumentarão. Nesse cenário como se pode ver no quadro a verde (penultima coluna – clique sobre a imagem para a ver ampliada) a taxa de variação média anual dos preços (a popular medida para a Inflação de referência no Orçamento) fixar-se-ia nos 3,0%.
No segundo cenário (a laranja), admiti que a evolução dos preços no último trimeste seria igual à registada no último trimestre do ano anterior. Neste caso a Inflação fixar-se-ia nos 3,3%.
Em qualquer das situações é evidente que uma das premissas fulcrais do OE para 2007 está grosseiramente errada, pois a estimativa da inflação para 2006 aí prevista é de 2,5% (já para não falar da de 2007 que será sempre influenciada pelos valores de 2006, como qualquer economista sabe).
Recordo apenas, para terminar, que o OE se encontra em discussão durante o próximo mês, não é um documento aprovado e fechado. Esperemos que, mais do que encontrar bodes expiatórios de ocasião, o governo arregace as mangas e incorpore esta “novidade” resultante da revisão dos dados produzidos pelo INE e faça os devidos ajustamentos no OE. Qualquer desculpa para não o fazer, me parece à partida dificilmente sustentável.
Já agora um rebuçado adicional (prima o botão do rato sobre o quadro da esquerda para ampliar). Se o INE não tivesse revisto os preços, ainda assim, mantendo os cenários acima indicados, a inflação fecharia o ano a 2,6% no primeiro e a 2,8% no segundo.
Deixo então outra pergunta: para quando os orçamentos plurianuais com correcção automática à posteriori para os erros de previsão na evolução dos preços?