O INE acaba de divulgar mais uma versão do seu Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio, neste caso relativo a dados de base de 2007. É impressionante verificar que em mais de 300 concelhos apenas 39 registam um poder de compra acima da média nacional (indice de poder de compra per capita), o que atesta implicitamente a forte assimetria regional na distribuição de rendimento. Lisboa destacadíssimo à cabeça, seguida de Oeiras, Porto e Cascais com o Vinhais, Ribeira de Pena e Sernancelhe no extremo oposto.
Este estudo tem sido dos exercícios mais ambiciosos e simultaneamente mais perenes no seio do INE no âmbito dos estudos/estatísticas que abordam temas claramente interessantes para a compreensão económica e política do país, trazendo alguma luz e naturalmente alguma polémica sobre a evolução do poder de compra. Raras vezes não surge algum autarca brioso e incomodado com o posicionamento da sua terra, um direito totalmente compreensível e um pretexto de debate sempre com imenso potencial para esclarecimento. O Estudo de Poder de Compra Concelhio ainda que algo limitado quanto à diversidade de variáveis utilizadas (não deixa de ser “apenas” mais um indicador), é uma das melhores peças em produção regular que testemunha o bom aproveitamento que a informação estatística de base produzida pelo INE pode e deve ter para melhor compreendermos a agirmos sobre o país. Será possível fazer melhor mas com esta visibilidade e consistência não vejo quem tenha vindo a fazê-lo.