Hoje, em três artigos, novamente ocupando a página dois e três do seu suplemento de Economia, o Diário de Notícias (DN) retoma a análise dos Certificados de Aforro (CA) equacionando prós e contras e conjecturando um pouco sobre o seu futuro perante a “impossibilidade” política de pôr termos a este instrumento de poupança até agora imbatível ao dispôr dos aforradores.
A análise não anda muito longe do que por aqui se escreveu (ver também os comentários). Num comparativo entre os CA e os depósitos a prazo dos cinco principais bancos nacionais, O DN concluiu que os primeiros se revelam claramente mais interessantes financeiramente, além de gozarem da maior rede de distribuição do pais (os balcões dos CTT). Aproveito para sublinhar que esta análise sendo sempre verdadeira para CA que beneficiem da totalidade do prémio de permanência que ascende a 2%, não resiste à comparação com algumas remunerações de depósitos a prazo disponíveis na Banca on-line (investimentos mínimos a partir de 500 €) para maturidades mais curtas. Por exemplo, é possível hoje mesmo obter um depósito a prazo a 3 meses que remunera 3,6% (TAEB*) contra os 2,78% dos CA (TAEB).
Finalmente, nas perspectivas para o futuro, adivinha-se uma eventual intervenção do Estado no sentido de voltar a abater a taxa de referência inicial dos CA, tornando esta forma de financiamento da dívida menos atraente para os aforradores e simultâneamente mais barata para o Estado. A margem para tal procedimento sem que se comprometa o actual estatuto dos CA (risco nulo, máxima remuneração de mercado) existe, contudo, pelo que acima de acabou se demonstrar via banca on-line, será maior junto de aforradores com maiores limitações de acessibilidade a esse tipo de bancos – que, não tenhamos ilusões, constituem o grosso da fileira em Portugal. Ainda assim, paulatinamente, e mantendo-se por um lado a tendência de absorver por via legal (com reduções adicionais do coeficiente aplicado à taxa de referência de mercado utilizada nos CA), e por outro, os métodos de indexação em alguns bancos on-line, os Certificados de Aforro deverão perder algum do seu interesse para aforradores com gestão de carteira mais dinâmicas, mesmo que fortemente avessos ao risco.
* Taxa Anualizada Efectiva Bruta
Luciano Gomes Says:
Bom, o conteúdo da notícia parece que tem vindo a ser desmentida por anunciadas intenções do Governo em retirar aos certif. de aforro alguma da sua atractividade, ou seja, uma tx de juro não negativa. Os bancos estão há muito ávidos por abocanhar estes pecúlios e depois emprestarem eles o dinheiro ao Estado e ficar com a margenzinha.. Porém, o tiro pode sair pela culatra porque vai havendo cada vez mais gente a aperceber-se de que as txs que os bancos pagam não repõem a depreciação da moeda e, porque não hão-de pensar em antecipar os seus consumos? umas feriazinhas na caraíbas, um pópó melhor enfim abrir os cordões à bolsa e lá se afunda ainda mais a poupança nacional.
Janeiro 6th, 2007 at 22:16