Desemprego em mínimos de sete anos mas com menos 375 mil empregos

A taxa de desemprego caiu para 10,5% no 3º trimestre de 2016 tendo o contingente de desempregados identificados pelo INE atingido os 549,5 mil indivíduos. A população desempregada é agora inferior em 69 300 pessoas à que estava desempregada há um ano.

A população empregada, por outro lado, também aumentou numa proporção um pouco superior, revelando uma recuperação da população ativa. No final do terceiro trimestre de 2016 havia 4 661,5 mil empregados, mais 86 200 indivíduos e a população ativa tinha crescido em cerca de 17 mil efetivos no espaço de um ano.

 

Desemprego em mínimos de sete anos mas com menos 375 mil empregos

Com estes dados, é preciso recuar ao 4º trimestre de 2009 para encontrar um trimestre com uma taxa de desemprego inferior (10,1%). Vale contudo a pena efetuar uma comparação direta entre os dados estatísticas revelados pelo INE relativos a estes dois momentos para se ter uma ideia do lastro negativo que a crise mais recente deixou na economia do país e que ainda há para tentar recuperar.

A taxa de desemprego de 10,1% no 4º trimestre de 2009 resultava de uma população de desempregada de 563,3 mil pessoas, um número superior à atual população desempregada.

Este fenómeno de mais desempregados resultarem numa taxa menor prende-se com o facto de a população ativa (a que agrega empregados e desempregados) ser, em 2009, muito superior à atual.

De facto, a população empregada no 4º trimestre de 2009 era superior em 375 000 pessoas face à apurada no 3º trimestre de 2016.

Apesar da recuperação de quase 90 mil empregos nos últimos 12 meses, há ainda um contingente enorme de empregos destruídos que ainda não foram recuperados.

Do mesmo modo, há uma parte importante da população ativa que desapareceu e que só lentamente parece estar a ser recuperada. Entre estes encontram-se emigrantes e desencorajados que deixaram de procurar ativamente emprego.

Os sinais económicos mais recentes atestam que há uma recuperação em marcha que já dura há alguns trimestres. O pico da taxa de desemprego registou-se no 1º trimestre de 2013 (com 17,7%) e desde aí com algumas inversões pelo caminho, a taxa tem vindo a cair.

Depois de um ligeiro aumento entre o 3º trimestre de 2015 e o 1º trimestre de 2016, a taxa retomou o movimento descendente com quedas significativas durante o ano de 2016.

 

Desemprego em mínimos de sete anos
Desemprego em mínimos de sete anos. Fonte: INE

 

Neste movimento mais recente, destaca-se a recuperação elevada de emprego entre escalões estários que habitualmente têm mais dificuldade em regressar ao emprego. Em concreto, o grupo dos 45 aos 64 anos foi o que registou a maior recuperação de postos de trabalho em termos homólogos (+3,8% ou 69  000 empregos) seguindo-se-lhe o grupo entre os 15 e os 24 anos (+2,5% ou 6 800 empregos).

Esta evolução no grupo dos 45 e mais anos deverá estar relacionada com quem perdeu emprego nos tempos mais recentes, provavelmente população com um nível de qualificação elevado que estará a ter maior facilidade em regressar ao mercado de trabalho num período de alguma recuperação económica. Veja-se que a criação de emprego ocorreu essencialmente entre a população com ensino superior entre a qual o emprego aumento em 72 900 pessoas (+6,5%) e no setor dos serviços (mais 73 600 empregos).

O setor financeiro onde houve destruição recente de emprego será um dos suspeitos em termos de fonte do contingente de desempregados qualificados que agora estarão a regressar. Recorde-se que apesar dos encerramentos de balcões e redução do backoffice em vários bancos, tem existido investimento continuado de várias instituições financeiras, com recrutamentos significativos, nomeadamente para contact centers internacionais, unidades especializadas de gestão de ativos, entre outros.

Sublinhe-se ainda que entre os empregos criados predominam os empregados com contratos sem termo, cerca de 56 mil ou 70% do emprego total criado por conta de outrem. Note-se ainda que a esmagadora maioria dos novos empregos são trabalhos a tempo inteiro, só cerca de 10 mil são empregos a tempo parcial. O subemprego de trabalhadores a tempo parcial está em queda.

 

Pode encontrar mais detalhes no destaque do INE sobre as Estatísticas do Emprego.

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