Opinião: E se na faculdade de Economia ainda ensinassem que a Terra é o centro do Universo?

Esta discussão (ver artigo citado mais adiante) é muito mais importante do que possa parecer para um leigo. Eterniza a perceção de que há uma teoria económica dominante que defende algo comparável com “a Terra é o centro da sistema solar”. A Economia sofreu de uma espécie de purga, uma limpeza metódica de todas as variantes de pensamento tendo resistido apenas uma. Mas hoje a evidência é de que  os factos tardam em chegar à Economia enquanto disciplina, muito à conta das crenças e interesses de quem paga e sustenta algumas das “melhores” escolas de economia do mundo. Grupos que, objetivamente, têm vantagem em que se eternize esse pensamento único, essa moldura apresentada aos técnicos que “legitimarão” o sistema em vigor.

Mas a discussão está a ganhar momentum à medida que a falência da teoria não resiste às perguntas dos próprios estudantes de economia, um pouco por todo o mundo. E tem importantes adepto cada vez mais empenhados em abrir a faculdade às evidências atuais e históricas e à diversidade, como o último prémio Nobel em ciências Económicas (Robert Shiller) A evidência é avassaladora. É caso para dizer como Galileu “Et pur si mouve!”

A ler: Academics back students in protests against economics teaching  via @guardian

Um excerto:

“(…) They said: “Students can now complete a degree in economics without having been exposed to the theories of Keynes, Marx or Minsky, and without having learned about the Great Depression.”

(…) Many economists, including the 2013 Nobel prize winner Robert Shiller, have argued that mainstream economics wrongly teaches theories based on maintaining openly competitive markets and that well-informed buyers and sellers eliminate the risk of asset prices rising beyond a sustainable level for a prolonged period.

The academics, led by Professor Engelbert Stockhammer of Kingston University, said: “We understand students’ frustration with the way that economics is taught in most institutions in the UK.

“There exists a vibrant community of pluralist economists in the UK and elsewhere, but these academics have been marginalised within the profession. The shortcomings in the way economics is taught are directly related to an intellectual monoculture, which is reinforced by a system of public university funding (the Research Excellence Framework and previously the Research Assessment Exercise) based on journal rankings that are heavily biased in favour of orthodoxy and against intellectual diversity,” they said.”

Sobre este tema ver ainda a compilação de opiniões junto de académicos portugueses (e não só) recolhida há alguns meses no artigo “Ensino da Economia” assinado por Shyznogud no blogue Jugular.

Mais referências sobre este debate enviadas pelos nossos leitores serão bem-vindas.

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