O que interessa hoje saber como começou a crise? Talvez tenha uma surpresa

Recomendamos dois textos. Um de Pedro Lains, “Na sua análise do que está a acontecer…“, e outro de Ricardo Cabral “The Roots of the Euro Crisis Lie at the Doorsteps of the ECB”. Ambos ajudam a perceber as razões que provocaram o esmagador problema financeiro que nos afeta mas vão além disso, por um lado, balizam o verdadeiro contributo de cada uma das fontes do problema para a dimensão do dito e, por outro, sublinham que algo de fundamental terá de mudar na organização da zona euro, para que a história da acumulação de desequilíbrios não se repita, isto mesmo que, depois deste caminho das pedras, consigamos manter-nos na União Monetária.

É que, tal como sublinha Ricardo Cabral, as raízes da crise da zona euro estão demasiado próximas da porta do Banco Central Europeu.

Um excerto da peça de Pedro Lains para convidar à leitura integral:

“(…) Dê-se as voltas que se derem, um défice na conta corrente da Nação significa isso e outra coisa não: a taxa de poupança é inferior à taxa de investimento. É por isso que entra dinheiro no país. Então “poupámos” de menos? E investimos ou “gastámos” demais? Sim.

E porquê? Pois, só há uma razão: o euro ou, melhor, a política monetária da zona euro, que foi definida, não consoante as necessidades do país, mas consoante as necessidades das economias mais importantes da moeda única. Como? Assim: com taxas de juro baixas relativas ao “equilíbrio” nacional, as pessoas não tiveram incentivos para poupar o suficiente, para pôr o dinheiro no banco; e com as mesmas taxas de juro baixas, as pessoas tiveram todos os incentivos para investir.

E o Estado? Bem o Estado, os governos, pode ter tido culpas que as pessoas não tiveram, mas essas culpas não chegam para virar esta história ao contrário. Em suma, o socialismo de alguns governos poderá ter ajudado ao desastre, mas não o explica (…)”

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