Certificados de Aforro com taxa líquida abaixo da inflação esperada

ADENDA: As condições dos Certificados de Aforro mudaram a 1 de Março de 2009, leia aqui o que mudou: “Novidades nas taxas de juro dos Certificados de Aforro

Já há largos meses que não refiro por aqui os certificados de aforro (provavelmente desde que os passei a achar amáveis mas sem interesse nenhum).

Em Março, assinalo contudo o marco “histórico” de passarem a remunerar abaixo da taxa de inflação esperada para 2009. Com uma taxa de juro líquida para o trimestre começado em Março de 1,099%, só num cenário de fortíssima contração de preços (que não é impossível), aforrar em certificados garantirá conseguir comprar no final do ano o mesmo que se conseguia comprar quando se lá colocou o dinheiro.

Um depósito a prazo no Banco Popular, no Banif e na generalidade dos bancos a actuar em Portugal será sempre mais interessante do que ajudar a sustentar directamente a dívida pública. Continuo sem perceber a racionalidade do tratamento que o actual governo votou a este instrumento. Um instrumento de captação de poupança para o Estado que este Governo chegou a apelidar de ser para ricos. Não consigo acreditar que seja inviável desenhar certificados de aforro altamente concorrenciais no mercado sem que com isso o Estado esteja a subsidiar os micro aforradores- uma das justificações para a mudança que ocorreu nos certificados há alguns meses. Entre o que havia antes e o que temos hoje é uma enorme diferença, pelo meio muito se poderia fazer certamente.

Entretanto, as instituições financeiras agradecem e o contribuinte lá pagará a devida factura em devido tempo.

4 comentários

  1. Será que com as taxas actuais (Euribor e taxas a que o estado se financia) as regras antigas ainda seriam um subsídio aos aforradores?

    Ou o estado vai pagar aos grandes investidores estrangeiros o que não quer pagar aos pequenos aforradores nacionais, obrigando estes a aceitarem as taxas dos bancos?

  2. O que temos hoje nos certificados de aforro é a vergonha particada por senhores sem muitos pruridos, ainda por cima depois de retroagirem alaterações para as séries anteriores.

    Agora era uma boa altura para inverter o rumo e dar um sinal de que um instrumento de poupança popular, de acesso geral e tendencialmente igualitário merece outro tratamento, sobretudo, comparativamente com o que se tem feito com a banca. Até para gerar melhores remunerações nos produtos bancários que não se limitem a ficar nos bolsos dos administradores, em proporções afrontosas!

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