Exportações de bens em queda no início de 2015 (revisto)

Depois de um ano em que as exportações de bens cresceram menos do que as importações tendo-se agravado o défice da balança de bens, os dados que o INE relativos ao trimestre terminado em janeiro de 2015 revelam uma subida ligeira das exportações de 0,9% face a igual período de 2014. Entre as importações a queda foi de 1,8%.

Uma análise mais detalhada considerando apenas os dados recolhidos no mês de janeiro de 2015 revela um cenário mais preocupante do que o oferecido pelos dados trimestrais. Na realidade a situação ao longo do trimestre degradou-se tendo culminado com uma queda das exportações de 1,8% face a janeiro de 2014. Entre as importações registou-se um colapso de 10,2%. Para este colapso das importações o INE alerta para várias razões anormais que levaram a que há um ano o volume de importações fosse particularmente elevado, o que agora produz uma queda superior ao que seria normal se não tivesse existido esse valor anormal em 2014.

Esta evolução das exportações em janeiro é particularmente preocupante porque acontece num contexto em que o Euro ficou mais barato 25% face há um ano, o petróleo quase 50%, estando os nossos principais parceiros a prosperar (a Espanha a crescer 3 vezes mais rápido do que nós). As nossas exportações de bens deveriam estar a conseguir aproveitar esta fase alto do ciclo económico, de preferência superando os nossos parceiros, contribuindo assim para uma redução do diferencial crónico ao nível dos indicadores económicos e da robustez da nossa economia.

Os dados referem-se apenas a um mês e é possível que a situação ainda se reverta mas é também possível que estejamos a assistir em primeira mão a uma consequência direta do forte desinvestimento privado e público dos últimos anos – bem maior do que a queda do PIB – que agora nos impede de conseguir competir internacionalmente ao nível de bens. Um desinvestimento patrocinado por vários fatores internos e externos, condicionado fortemente pela política económica da Zona Euro. Para já e mesmo descontando o efeito associado aos combustíveis que influenciam em muito o desempenho de exportações e importações, as exportações, em particular, registavam em janeiro muito menor dinamismo que em dezembro cortando um crescimento (sem combustíveis) que havia sido de 6,5% para 1,8%, o que, como dissemos, na atual conjuntura favorável,  deve corresponder a um sinal de alarme. Estas variáveis serão certamente merecedoras de acompanhamento próximo em artigos posteriores.  Pode explorar os dados oficiais do INE na ligação em anexo (aqui).

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