Debate: O que é preciso para a Zona Euro funcionar?

O que é preciso para a Zona Euro funcionar? Eis uma opinião pouco encantada para recuperar esta discussão. Não hesite em participar enviando-nos comentários ou email:

“O que é preciso para a Zona Euro funcionar é politicamente inaceitável para os estados mais poderosos (sonhar com uma união fiscal completa é apenas isso, um sonho). O que é preciso para as pequenas democracias e economias que estão na zona euro funcionarem (mesmo com base zero seria difícil e não há base zero nenhuma) é politicamente inaceitável para os estados mais poderosos.
O que é preciso para percebermos que é um projeto condenado e que o nosso desígnio nacional dos próximos anos deve ser mitigar ao máximo o colapso que se avizinha?
Isto não quer dizer que o próximo PM deve ir a correr tentar tirar o país do Euro. Mas quer dizer que deve preparar a sua política interna e a nossa participação externa consciente desta impossibilidade e sendo vocal quanto a ela: nesta zona euro não temos futuro.
Não é uma vontade, é uma inevitabilidade económica determinada por um constrangimento político que pouco ou nada controlamos.
Haverá vida depois do euro, difícil (pelo menos no início) mas haverá. Não sei muito bem que país existirá dentro dele se por azar a negação da inevitabilidade durar muitos anos, mas parece-me que será algo insustentável em democracia e talvez mesmo como Estado. Acho que temos algumas “amostras” disponíveis, e isto já dura há um ror de anos sem que a sagrada solução única produza os efeitos estruturais que não pode produzir.

Rui Manuel Cerdeira Branco”

3 comentários

  1. Caros Amigos,
    Para a Zona Euro, funcionar é necessário acima de tudo desburocratizar simplificar a vida das pessoas e das empresas.
    Igualar os benefícios e obrigações dos funcionários do sector público e privado em todas as áreas sem excepções, inclusive as dos políticos.
    Todos os cargos públicos de nomeação politica e os políticos deveriam ser limitados a quatro anos consecutivos afim de acabar com jogos de interesse.

  2. Para o Euro funcionar:
    Em primeiro lugar – Aplicar os fundamentos da macroeconomia que estão descritos em qualquer bom manual. Isto é, implementar medidas que permitam restabelecer equilibrios das variáveis essenciais: deficit, dívida, crescimento, inflação , emprego. De momento a variável emprego (o objectivo em qualquer economia é o pleno emprego, i,e., um nivel de desemprego da ordem dos 4-6%) parece estar esquecida das politicas economicas europeias. A zona Euro tem actualmente 11,5% de desemprego (variando dos 5% aos 25%) o que é um problema económico (desperdício de recursos) e um problema social, após vários anos em torno deste valor. Todas as restantes variáveis macroeconómicas estão saudáveis ou relativamente controladas: deficit orçamental inferior a 3% para a zona euro, excedente da balança externa, dívida publica elevada mas controlada, inflação muito baixa (senão mesmo deflação). Logo a prioridade deveria centrar-se na expansão do emprego a nivel da União. Como? sáo há 2 vias credíveis (ou combinação de ambas): por via orçamental/fiscal aumentando a procura interna (mais investimento publico e privado, mais consumo); ou por via monetária aumentando os recursos financeiros em circulação na economia e por via disso impulsionar a procura interna.
    Em segundo lugar – implementar um mecanismo de ajustamento automático para suprir os choques assimétricos nos diferentes países que compõem a zona euro, sempre que se verificarem desvios significativos em relação à média. Por exemplo: mutualização da dívida a partir de um certo montante ou transferencias orçamentais para o país (ou região) com problemas. E complementado por um plano de ajustamento estrutural se necessáro. Não esquecer que uma vez resolvida a actual crise, nada impede que outras possam suceder com caracteristicas bem diferentes da actual (por exemplo choque assimétrico nos países do norte ou do centro, por oposição ao choque actual nos países do sul resultado das bolhas imobiliárias e das crises bancárias).
    Em terceiro lugar: perceber que os problemas de desequilibrios a nivel da União ou de cada país de per si não se resolvem nem com recriminações excessivas nem com incumprimentos de compromissos assumidos, mas com uma análise fria e com aplicação dos sãos princípios dos fundamentos da macroeconomia.
    SF

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