Consumidores e estatísticas do emprego em aparente contradição

No dia em que o INE apresentou dados particularmente preocupantes sobre a evolução recente do emprego e do desemprego, com ambos a darem sinais de deterioração do seu andamento nos primeiros meses de 2015, os consumidores portugueses inquiridos pelo INE no mesmo período antecipam que nos próximos 12 meses o desemprego evolua favoravelmente, tão favoravelmente que este variável em conjugação com outras três igualmente prospetivas sobre o que os consumidores esperam para os próximo meses colocam o índice de confiança no melhor nível desde 2002.

Segundo o INE o consumo privado tem sido o principal responsável pela evolução marginalmente positiva do PIB, mais que compensando más notícias de outras componentes. Talvez este maior propensão ao consumo depois de alguns anos em que talvez os consumidores até tenham exagerado na reação às medidas de austeridade implementadas possa ajudar a explicar esta evolução fulgurante da confiança que se iniciou há largos meses. O que é certo é que com exceção no consumo privado, este otimismo não tem tido um paralelo tão evidente nos dados quantitativos sobre a economia portuguesa.

Entre os empresários a tendência recente tem sido menos espetacular do que entre os consumidores, mas mesmo assim positiva. O mês de março de 2015 também trouxe uma maioria de notas de otimismo (Indústria Transformadora, Construção, Comércio) tendo destas destoado o setor dos Serviços onde as expectativas quanto ao futuro se degradaram, prolongando um cenário que se vem desenhando desde setembro de 2014.

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