O BES e o Salário Mínimo Nacional: perspetivas

Recomendação de leitura: Pedro Leal e a crónica “O BES e o salário mínimo“. Um excerto:

“(…)  Na verdade, Governo, patrões e sindicatos concordam com o aumento do SMN. Mas, se assim é, porque não aconteceu ainda? Uma palavra parece responder a tudo isto: competitividade.

O argumento é que a economia real não aguenta e a produtividade não o justifica. Daí as associações patronais aceitarem a subida do SMN se, em contrapartida, surgirem medidas que reforcem a competitividade das empresas (leia-se mais flexibilidade). Por seu lado, o Governo aceita o aumento desde que este fique indexado à produtividade.

Mas o que significam 15 euros nos custos salariais das empresas? De acordo com um relatório do Ministério Solidariedade, Emprego e Segurança Social, o impacto pode ir até 0,08%.

E é aqui que regressamos ao BES. Toda esta discussão parece meia louca quando em causa estão, no mínimo, 15 euros por trabalhador a receber SMN e, ao mesmo tempo, o país assiste quase incrédulo ao que aconteceu no BES. 

Todos foram apanhados de surpresa. Ainda no dia 21 de Julho, Cavaco Silva citava informações do Banco de Portugal e garantia que os portugueses podiam “confiar no BES dado que as folgas de capital são mais que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa”.

Nesta mesma declaração, Cavaco Silva dizia: “não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real, mas eu penso que não terá significado de monta”.

Mas vai ter. O buraco dos prejuízos, 3,6 mil milhões de euros, é escandaloso, e o seu efeito na economia vai ser bem visível. Associado a este buraco vem ainda uma segunda vaga: os pequenos accionistas que vão perder todo o investimento.

E tudo isto a economia vai suportar, a produtividade vai aguentar e soluções vão ser sempre encontradas. Tudo por que se trata da parte financeira da economia. Para este lado há que ter sempre compreensão e encontram-se sempre soluções perante o “perigo sistémico”: BPN, BPP e agora o BES. É certo que no BES há a garantia que o dinheiro dos contribuintes não vai entrar, mas nos outros casos não foi assim.  

Não resisto a um pequeno exercício de demagogia: o prejuízo de 3,6 mil milhões de euros do BES equivale a um aumento de 15 euros a 17 milhões de hipotéticos trabalhadores a receberem o SMN! [Continue a ler clicando aqui => O BES e o salário mínimo] (…)”

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