Boletim Económico da Primavera 2012 – consumo das famílias deve cair mais do que o previsto

Com a publicação do Boletim Económico – Primavera 2012 o Banco de Portugal (BdP) atualizou as previsões para os grandes agregados macroeconómicos nacionais.  Nesta revisão constata-se que as expectativas quanto à evolução da economia nacional para 2012 e 2013 surgem agora mais negativa face à previsão anterior. Em 2012 o BdP prevê uma queda recorde da economia nacional de 3,4%, prevendo uma estagnação em 2013. Para a previsão agora apresentada relativa a 2012, contribui uma evolução do consumo privado muito mais negativa (-7,3%) do que indicado no Boletim Económico anterior (-6,0%) assim como uma evolução menos positiva ao nível do comércio externo.

Eis o quadro resumo divulgado pelo BdP com base em dados do INE e do próprio BdP (clique na imagem para aumentar):

Destacamos ainda alguns dos pontos que o BdP sublinhou através do seu comunicado de apresentação do Boletim Económico da Primavera:

 

” (…) 5.A balança comercial deverá apresentar um excedente e a balança corrente e de capital uma posição próxima do equilíbrio no final do horizonte de projecção.

6.A inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, deverá permanecer relativamente estável em 2012 num nível relativamente elevado, reduzindo-se de forma significativa em 2013. A projecção para 2012 reflecte em larga medida o contributo de medidas de tributação indirecta e o crescimento dos preços administrados, pelo que a dissipação destes efeitos em 2013 deverá conduzir a uma evolução da inflação mais em linha com os custos de produção. Em particular, a evolução dos salários deverá ser condicionada significativamente pela situação no mercado de trabalho, caracterizada por uma redução do emprego muito acentuada, em particular em 2012, bem como por medidas legislativas, como a suspensão dos subsídios de férias e de Natal no sector público. Adicionalmente, os preços de importação deverão apresentar uma desaceleração no horizonte de projecção.

7.Os riscos em torno da actual projecção apontam para uma evolução mais desfavorável da actividade económica. Estes riscos resultam em grande medida de factores de origem externa, em particular relacionados com a crise da dívida soberana na área do euro, que poderão condicionar a evolução da procura externa. No plano interno, caso se verifique uma deterioração mais acentuada do enquadramento macroeconómico do que a considerada nas actuais projecções, poderá ser necessária a adopção de medidas adicionais que garantam o cumprimento do objectivo orçamental. Os riscos para a inflação são equilibrados, uma vez que uma maior redução da actividade tenderia a traduzir-se num menor crescimento dos preços, mas a eventual necessidade de medidas adicionais ao nível da tributação indirecta e dos preços administrados traduzir-se-ia num aumento das pressões inflacionistas.

8.A correcção dos desequilíbrios macroeconómicos da economia portuguesa implica um ajustamento prolongado dos níveis de despesa dos sectores público e privado e do grau de alavancagem do sector bancário. No entanto, o processo de desalavancagem deverá assumir um carácter ordenado e gradual, sem comprometer o financiamento dos sectores mais competitivos da economia, exigindo assim um acompanhamento constante por parte das autoridades, tal como previsto no PAEF. A forma como sejam alcançados estes objectivos, que são incontornáveis, vai condicionar a trajectória da actividade económica e do emprego nos próximos anos. (…)”

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