Os salários no Estado ainda não desceram em termos nominais…

A síntese de execução orçamento de Agosto de 2010 não trouxe boas notícias. É certo que falhar o limite de défice orçamentado não é (ainda) absolutamente inevitável, mas ao mais pequeno deslize… A sensação reinante é que não há folga e não deverá haver brilharete; neste momento alcançar os 7,3% será tido como excelente.

Repetem-se as constatações nos media de que, em Portugal, os salários dos servidores do Estado não desceram em termos nominais, ainda.

4 comentários

  1. E porque é que haveriam de ser os salários dos servidores do Estado a pagar a recuperação do BPN, os submarinos, os Magalhães que ninguém usa, os spreads da dívida que aumentam por descontrolo orçamental, etc.?

  2. Porque se recuperou o BPN, compraram-se submarinos, Magalhães que poucos usam, subiram os spreads da dívida que aumentam por descontrolo orçamental, etc. É este o argumentário que ameaça fazer escola. E, claro, porque os outros já o fizeram e nós não.

    Mas também porque a despesa com pessoal no Estado está aumentar significativamente em 2010. O que se deu em 2009 e pelos vistos em 2010 (em particular a professores do ensino não superior, forças de segurança e militares) vai ter de ser “devolvido” a abatido à despesa de alguma forma.
    E também porque continuam a proliferar que nem cogumelos organismos redundantes (institutos, fundações, empresas municipais, etc).
    E também porque eu muitos dos locais de serviço público há demasiados chefes para tão poucos subordinados.
    E também porque…

  3. Mapari

    Não sei se percebi bem. Temos um governo incompetente, incapaz de controlar a despesa. Em vez de o demitirmos e elegermos outro ou de assumirmos que pagamos todos as contas do governo que insistimos em manter, lançamos mão de um qualquer grupo qualquer mais à mão (e convenientemente vilipendiado em certos meios) e reduzimos-lhe os ordenados para mantermos as despesas inúteis?

    Francamente, não percebo a lógica.

  4. Há pouca lógica. Estamos a milímetros do pânico e nessa altura entramos numa singularidade, altura em que as lei normais deixam de funcionar.
    Caro Carlos, não estou a defender de todo a descida dos salários dos funcionários públicos como medida de eleição. Estou apenas a retratar o que julgo se estar a preparar. Um cenário para o qual todas as justificações parecem válidas num tempo em que eleições e guerrilhas partidárias chegarão a ser um luxo (pouco promissor em termos de contributo pragmático se nada mudar face à oferta existente) que não teremos.
    É dificil explicar mas aproximamo-nos de facto para um tempo onde o ritmo das decisões e a gravidade da definição de prioridades é incomum.
    Já se começam a ouvir opiniões hiper-racionais: parece que falta pouco para termos os partidos a repelir pela chegada do maus que nos vão obrigar a fazer coisas ruins como por exemplo cortar forte e feio nos salários do Estado. Algo pior do que pedir ao Mourinho para nos salvar durante 15 dias.
    Ninguém, nenhum partido, quer assumir o ónus de fazer aquilo que obviamente é ilógico porque nunca devia ter chegado ao ponto de ser ” a única opção”.

    O discurso nos media parece cada vez mais um monolito, rumamos a uma fatalidade. Como um mantra vai recredescendo a frase ” Ainda não cortámos nos salários nominais do Estado”…

    A minha opinião? Sim, também teremos de mexer nos salários no Estado. Nos dois anos de crise profunda em que vivemos com forte endividamento do Estado houve ganhos reais de poder de compra globais e alguns muito particulares no seio da administração pública. Eram aumentos justos? Alguns sim, produto de anos ou décadas de espera do cumprimentos de compromissos, outros foram mais o resultado de um desequilibrio de poder recente, pouco interessante para a colectividade e muito para uma corporação (nomeadamente os dos professores do ensino não superior). Os aumentos globais (os 2,9% em 2009) foram mais asneira de ano eleitoral. Mas onde se conseguiriam mais e muito melhores poupanças não era empobrecendo e deprimindo quem trabalha para o Estado na passagem de ano, era mexendo por dentro dos serviços, extinguindo, fundindo, transferindo e, provavelmente, também despedindo.
    Tudo opções morosas ou mesmo não.opções que tornam a gestão da coisa pública algo extremamente complicado. Um euro de impostos tem que render mais serviços públicos e de melhor qualidade.
    Mas isto tudo é discurso de relativa calmaria, se se confirmar mesmo um incêndio à porta, até àgua mineral servirá para tentar apagar o fogo. É esse cenário que receio, o tal da pouca lógica.

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