O estranho caso dos 5000 estágios no Estado (act. II)

Há poucos dias, crente nas notícias, escrevia “por cá lançamos um programa de 5000 estágios no Estado em plena crise e descobrimos que o Estado é já um destino de emprego tão desinteressante que foram preenchidas pouco mais de metade das vagas.”

Pois que alertado para um “não será bem assim” nos comentários deste artigo “Despedimentos na Função Pública – um cenário cada vez mais provável? (act. II)“, fui investigar, ou melhor, fui dar com alguns factos e com muitas dúvidas.

O Portal do Cidadão divulgou na passada sexta-feira este aviso de onde cito:

” (…) O número de candidatos seleccionados ficou aquém das 5.000 vagas disponibilizadas, apesar das “respostas dos candidatos a 24.600 notificações de propostas de estágio, dirigidas a um total de 6.939 candidatos individuais. Ou seja, os candidatos que receberam proposta de estágio foram em número superior ao próprio número de vagas”. (…)”

Consegue entender? Eu não.

No twitter, uma das redes sociais do momento, encontrei candidatos a estagiários que foram dados como aprovados mas que há semanas não têm qualquer resposta. Vasculhando mais um pouco dei com queixas de erros grosseiros no processo de recrutamento que levaram a adiamentos sucessivos no processamento completo das 5000 vagas. Não terão sido acautelados métodos de validação da informação curricular pedida. Será possível? Infelizmente, neste caso as fontes não são seguras (comentários a uma notícia do Público).

Em suma temos uma história muito mal contada, mas na “melhor das hipóteses” temos uma gritante prova da incompetência ou um claro caso de banha da cobra, na pior, poderei manter a frase que escrevi. Pode ser que um dia se venha a saber. O leitor tem informação adicional sobre o caso?

ADENDA: Entretanto surgiram alguns comentários no Facebook e também aqui que dão mais algumas pistas sobre o caso.

2 comentários

  1. (nota do editor: comentário reproduzido do facebook; o autor do comentário não conseguiu publicar inicialmente, aqui, esta mensagem)
    A disparidade de n… Ver maisúmeros explica-se da seguinte forma: cada candidato, de entre os que ficaram nos primeiros lugares após análise curricular sumária, feita somente com base em declarações não comprovadas, foi notificado para aceitar uma de, pelo menos, duas ofertas de estágio. Isso explica que o número de propostas tivesse sido superior ao número de vagas. Sempre que um candidato optava por uma das ofertas estava a recusar as restantes. Até aqui, tudo bem.
    Mas a história está mal contada, sim. Há muitas pessoas revoltadas por não terem sequer sido notificadas para aceitar uma única proposta. Claramente, o Governo pretendeu reduzir o número de vagas, simulando um alegado desinteresse dos jovens pelos estágios, algo que não corresponde à verdade. Aliás, nem seria credível que mais de 20.000 pessoas perdessem, subitamente, interesse por esta experiência profissional.
    De momento, está em curso um prazo para comprovação documental dos requisitos. Nesta fase, o problema que ocorreu foi o seguinte: o site do PEPAC deixou de acompanhar o processo. Os candidatos sentiram-se “perdidos”. Foi como se lhes dissessem, “A partir daqui, estás por tua conta. Contacta a entidade promotora do estágio (com a qual não tiveste contacto nenhum até agora) e pergunta-lhe que documentos é que ela quer e para onde é que os deves enviar”. Os primeiros dias foram, portanto, confusos, mas creio que isso também está a ser ultrapassado. Algumas entidades demoraram a responder às perguntas dos candidatos, outras publicaram o que era necessário num cantinho bem escondido dos respectivos sites, como no caso do Portal das Finanças, onde é preciso vasculhar bem.
    A ideia que fica é que este vai ser o lote de estagiários mais indesejado de todos os tempos…!

  2. Bom Dia
    Há muita estórias mal contadas ligadas a processo de atribuição de estágio, tenho vários colegas a concorrer a estágios e o que me impressiona mais, é tábua rasa que tem sido feita nas obrigações legais que o Estado está a obrigar a cumprir sempre que relaciona com os cidadãos.
    Alguns exemplos:
    Notifcações feitas por telefone.
    Exclusões sem explicações.
    Pessoas que desaparecem de listas
    Pessoas excluídas de estágios já aceites e comunicados, por telefone e sem que lhe fosse dado uma explicação legal para o efeito.
    Não sei o que pense, mas sinto-me inclinado a concordar com o comentário anterior

Deixar uma resposta