Do suicídio ao aumento do salário mínimo

Numa altura em que algumas vozes críticas dos acordos de comércio internacional ganham mais ânimo com os balanços sobre a actual situação económica na União Europeia que levam analistas insuspeitos a considerar que o dumping social dos países emergentes tem sido excessivamente explorado pelas empresas industriais transnacionais que se têm deslocalizado da Europa para essas paragens, com dano para a perda de emprego e riqueza do primeiro mundo, surgem também sinais de concretização paulatina de uma outra realidade advogada por alguns dos defensores da globalização: num mundo global haverá também uma tendência para uma harmonização ao nível do trabalho e do seu custo. A tese é que aos poucos os direitos e liberdades existentes no mundo ocidental alastrarão também para outros espaços económicos.

Na Europa, pelo menos em alguns países chave como a Alemanha, as estatísticas indicam que os custos com o trabalho têm vindo a cair, ou seja, a harmonização parece estar a fazer-se pela negativa, aproximamo-nos da situação dos países emergentes. Mas esta não é toda a história. A pressão social interna na China (veja-se o caso dos suicídios na Foxconn e as greves a ameaças de greve que parecem atingir uma dimensão pouco divulgada) bem como a pressão por parte dos clientes (ainda muito concentrados no mundo ocidental e junto das elites e classes médias emergentes e socialmente mais conscientes e exigentes) pode levar e está a levar a uma progressiva transferência crescente da riqueza gerada em países como a China para os seus trabalhadores em muitos caso ainda semi-escravizados.

É dificil perceber em que medida o aumento progressivo dos custos de trabalho na China e em outros países onde se produz para exportar com recurso intensivo ao factor humano estará a contribuir para a tal harmonização global mas parece evidente que há indicadores de que a convergência se estará a fazer também a nível global.

Veja-se a este propósito:

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