Os juros do empréstimo para comprar a casa vão continuar a subir?

“Os economistas são unânimes na previsão de que a taxa de referência vai passar dos 3% para os 3,25%.” in Jornal de Negócios

Como é? Depois do aumento desta semana, os juros do empréstimo para comprar a casa vão continuar a subir?

Já foi mais fácil responder a esta pergunta.

Evolução DinheiroQuem vem acompanhando a prática da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) sabe que esta instituição vem justificando a política restritiva de acesso ao dinheiro (traduzida em subidas da taxa de juro) com as tensões inflacionistas na área Euro – de que a inflação acima dos 2% de forma continuada ao longo de vários meses é testemunha. O BCE tem aliás endurecido a sua política monetária procedendo com maior frequência a aumentos do preço do dinheiro.

Em suma, sabendo-se que há outros indicadores, nomeadamente alguns que avaliam a quantidade de moeda em circulação, que costumam completar o leque dos instrumentos para os quais o BCE diz olhar com particular acuidade, é também inegável que a inflação e as suas perspectivas de evolução são fundamentais e têm ditado a política monetária do banco – muitas vezes contra ventos e marés que advogam a prioridade a outros indicadores mais associados ao crescimento económico.

Sucede que, ao contrário do que vem sendo habitual, no passado mês de Setembro a inflação da área Euro terá ficado abaixo dos 2%.

Esta quebra deve-se particularmente à evolução do preço dos combustíveis fortemente. Do mesmo modo, o preço dos combustíveis tem influenciado a evolução do índice de preços no passado recente, contribuindo para que se ultrapasse a fasquia dos 2%. Em alguns momentos do passado recente, a inflação de alguns países da área euro, se calculada sem produtos energéticos, esteve até historicamente perto de não o ser tendo-se chegado a cogitar o fantasma da deflação (conceito em inglês).
Acresce ainda que parece hoje consensual que a evolução do preço do petróleo (e refinados) tem tido muito de especulação e muito menos de justificação fundada na realidade económica envolvendo a sua produção e consumo.

Tudo isto são dados para que se acompanhe com curiosidade qual será o caminho a percorrer no curto prazo por parte do BCE. As explicações do costume, se se centrarem preponderantemente no indicador habitual, podem não se verificar no futuro próximo, afinal não é seguro que a inflação da área euro regresse a um patamar acima dos 2% nos próximos meses.

Resta saber se o BCE será um pouco mais prolixo desta vez ou se procurará comprar tempo para ver se os indicadores se aproximam das explicações tradicionais. É também nestas alturas que se clarifica o estofo diplomático e económico de uma instituição bancária ainda muito jovem na história corrente da economia mundial.

Portanto, é esta uma boa parte da equação que determinará se da próxima vez que houver revisão do meu empréstimo bancário a prestação será novamente revista em alta. Ou seja, voltando à pergunta, quinta-feira ao final da tarde conversamos de novo.

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